Pelo menos 38 pessoas morreram vítimas de cólera no país, de Outubro de 2023 a Julho de 2024. A informação foi avançada hoje, em Maputo, pelo primeiro-ministro, que orientou a abertura da primeira conferência transdisciplinar para travar a doença.
O número de casos de cólera no país continua alto. Só nos últimos nove meses, cerca de 16 mil foram registados e 38 óbitos. O facto reactivou o alerta, no país e na região, para a busca colectiva de estratégias para o combate e a prevenção da doença.
Por isso, decorre, em Maputo, a primeira conferência sobre transdisciplinaridade para a eliminação da cólera, evento que reúne líderes de entidades nacionais e estrangeiras.
“Tudo indica que esta situação de agravamento da cólera está directamente relacionada ao aumento de frequência e gravidade dos eventos climáticos extremos, como diversos factores associados, com destaque para o deficiente saneamento do meio, acesso limitado à água potável e desinformação sobre as causas da cólera. As estatísticas disponíveis indicam que, em todo o mundo, foram registrados cerca de 94 mil casos de cólera entre Janeiro e Março do presente ano, sendo que mais da metade ocorreram em África.”
De acordo com o primeiro-ministro, no continente africano, há registo de 50 mil casos de cólera, entre 2023 a esta parte, o que resultou em mais de quatro mil óbitos, o que corresponde a uma taxa de letalidade de 1,6 por cento.
Adriano Maleiane, que esteve em representação do Presidente da República, defende o reforço da vacinação aliado a outras formas de combate.
“Esta abordagem permitiu que, no nosso país, fossem vacinadas cerca de 5,2 milhões de pessoas nos distritos mais afectados pela cólera no período entre 2021 até esta parte. A nossa experiência demonstra que as campanhas de vacinação, combinadas com outras medidas sociais, têm um impacto positivo na prevenção e controle desta epidemia. Por isso, tomamos esta ocasião para encorajar e sensibilizar os parceiros de cooperação e demais intervenientes a garantirem o aumento da produção e disponibilização de vacinas”, defendeu Maleiane, durante a sua intervenção de abertura oficial da conferência.
Mas, há muito mais ainda a ser feito e as notas foram deixadas, virtualmente, pelo chefe de Estado da Zâmbia, Hakainde Hichilema.
“Apelamos aos líderes globais, a todos os nossos líderes globais em todo o mundo, para se juntarem a nós no compromisso com as seguintes acções: desenvolvimento e implementação de iniciativas de água, saneamento e higiene resilientes ao clima, junto com programas de redução de risco de desastres para prevenir futuros surtos de cólera. Número dois, fortalecimento da colaboração e coordenação do sector local para acelerar os nossos esforços em direcção ao controlo e eliminação da doença. Número três, a aceleração de etapas em direção à fabricação local e regional de vacinas de cólera e maior acesso a produtos essenciais, como soluções de reidratação oral e camas para pacientes com cólera.”
Por sua vez, a Unicef desafia os Estados a investirem mais, se quiserem controlar a doença.
“Devido à crescente procura, à limitada disponibilidade a nível mundial, as vacinas contra a cólera estão a esgotar-se. Assim, entendemos que, para resolver a situação da cólera, serão necessários esforços e investimentos adicionais em estratégias multissetoriais de controlo e prevenção da cólera. Entre estas, priorizar melhorar as infra-estruturas de água e saneamento nos principais focos do surto, como também melhorar a preparação ao nível das unidades sanitárias e comunidades para respostas mais sistemáticas. Ao nível comunitário, temos de reforçar a comunicação dos riscos e a cobertura da vacinação para a comunidade.”
A conferência, que termina esta terça-feira, subordina-se ao tema Juntos pela eliminação da cólera.