Circulam camiões com carga em excesso na Estrada Circular de Maputo, o que contribui para a degradação precoce da rodovia. A REVIMO diz que não tem dinheiro para a construção de básculas fixas, pelo que recorre às móveis que também não resolvem, ao todo, o problema.
Camiões e mais camiões que transportam carga em excesso. É assim na Estrada Circular de Maputo.
Rodrigues Chivale, que faz transporte de pedra e areia para alimentar estaleiros em diferentes pontos das cidades de Maputo e Matola, diz que, em toda a Estrada Circular de Maputo, não há báscula para controlo de carga. “Aqui, não há báscula, cada um carrega ao seu gosto. Onde há uma é na EN4 e EN1.”
Um camião ficou, por algum tempo, enterrado numa das ruas do interior do bairro Matlemele na Matola, enquanto tentava contornar a portagem da Matola Gare. O respectivo motorista disse ao jornal “O País” que trabalha há muito tempo naquela via e ainda não encontrou nenhum mecanismo de controlo de carga ao longo da Estrada Circular de Maputo.
A carga em excesso danifica o próprio veículo e impacta negativamente na durabilidade de estradas e pontes por onde passa. A concessionária da Estrada Circular de Maputo, a Rede Viária de Moçambique (REVIMO), está ciente do problema.
“De facto, ainda não temos uma báscula fixa, mas está nos planos imediatos da REVIMO, tanto que um dos planos de investimento já prevê essas acções de construção de básculas fixas na rede viária concessionada”, referiu Fernando Matola, um dos responsáveis da REVIMO.
Para já, a solução encontrada é a colocação de básculas móveis que não são permanentes e colocadas quando se julgar pertinente, mas, nos dias em que não há nem uma, os camiões sobrecarregados fazem das suas.
Ontem, enquanto se montava a báscula móvel, os camiões com carga passavam ao lado, e havia camionistas que fugiam. Numa das rotundas próximo ao local onde foi montada a báscula móvel, alguns camionistas, que reconheceram que tinham levado carga em excesso, paralisaram os seus veículos e disseram que só sairiam se os controladores de carga abandonassem aquele espaço.
Nelson Martins, da Ordem dos Engenheiros de Moçambique, recomenda uma combinação de esforços entre os vários intervenientes no sector de estradas e a colocação de básculas nas estradas.
“Fazendo muitas básculas móveis no mesmo dia e no instante em diferentes locais da estrada permite que esse problema seja controlado. Mas, sempre que não estiver a báscula, o tráfego de camiões volta sempre à estrada e esta situação diminui a capacidade de durabilidade das estradas e pontes, portanto as básculas deviam ser montadas em todo o país”, apelou Nelson Martins.
Moçambique dispõe de um quadro legal que regula os padrões de peso, dimensões e carga em veículos automóveis e reboques, mas, para o jurista Manuel Nhina, não isso basta, é preciso que haja meios para garantir a sua implementação.
“E a única forma de se fazer essa verificação de excesso ou não de carga é que haja esses meios à disposição das autoridades. Portanto, a insuficiência de meios é um grande desafio da efectividade desses mecanismos legais em vigor no país”, apontou Manuel Nhina.
No capítulo de multas aplicadas, refere o jurista que já é altura de serem revistas. “As multas não desencorajam por vários factores. O valor das multas não é tão elevado quanto ao interesse de transporte de carga ao nível de todo o país”, revelou.
De acordo com a Lei, um veículo de dois eixos carrega, até ao máximo, 16 toneladas, mas, no dia-a-dia, vêem-se viaturas com até 18 toneladas. De três eixos ou mais, o instrumento legal determina que carregue 26 toneladas, contudo não é o que se verifica nas estradas nacionais.
Sem gravar entrevista, a Polícia disse que, enquanto não tiver meios para medir o peso da carga, não haveria possibilidade para intervir.