O INGD foi forçado a efectuar esta segunda-feira, na localidade de Munhonha, o processo de resgate de mais de 50 famílias que estavam sitiadas nos bairros, devido à enchente de água causada pelo transbordo do rio Licuar. As casas das famílias ficaram inundadas, danificando bens.
Choveu torrencialmente ao longo da noite de domingo para segunda-feira em vários pontos da província da Zambézia. Na localidade de Munhonha, distrito de Nicoadala, as famílias tiveram noite e manhã amargas quando o caudal do rio, que dá nome ao povoado, transbordou e galgou terrenos. As casas ficaram inundadas.
A água atingiu níveis da janela das casas e as populações foram forçadas a recorrer às bermas da EN1 para se abrigarem. Igualmente, o Governo distrital activou a Escola Primária Josina Machel, como ponto de alojamento provisório.
Ao todo, são mais de 150 famílias que se estima que tenham sido desalojadas das suas residências. Algumas estiveram sitiadas por várias horas. Umas aguardavam por socorro, outras foram renitentes aos apelos de abandonar as suas casas para se alojarem em pontos seguros, quando os primeiros sinais de inundações começaram a chegar à zona. Aliás, não é a primeira vez que tal situação ocorre. Sempre que chove e o rio Licuar transborda, a população de Munhonha vive por situação de drama.
“A água chegou devido à chuva que está a cair aqui, em Nicoadala. À noite choveu muito e esta manhã por volta das oito horas, a situação começou a mudar radicalmente. De repente, as nossas casas começaram a registar a entrada de água. Nesta altura, eu estava na machamba e, quando regressei, vejo água no estado em que está. A minha casa ficou submersa, as coisas no interior não sei se estão lá ou não e, por isso, não sei como será”, disse Deolinda Vicente.
Seninho António, outro residente de Munhonha, fez saber que a situação da água piorou ao longo das duas horas da madrugada.
“Não dava para prever que o rio Licuar iria transbordar. Consegui tirar algumas coisas da minha casa e socorri o meu vizinho. A coisa está feia aqui por causa da água”, deplorou.
Dado a gravidade da situação, o Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres foi forçado a desencadear uma operação de salvamento das famílias no fim da manhã e da tarde desta segunda-feira. Trata-se de um processo que serviu para resgatar as famílias sitiadas. Para a localização das famílias em vários locais, o INGD teve que lançar “drone” e, com o apoio da Polícia Costeira, Lacustre Fluvial, Cruz Vermelha e Serviço Nacional de Salvação Pública, foi possível a operação.
“Estamos aqui para apoiar. Vamos continuar a retirar as famílias até à última pessoa. A situação não é para menos, são muitas famílias temos aqui uma embarcação e respectivos marinheiros. Vamos ainda assegurar mais embarcações em caso de necessidade. Esperamos que a situação não piore”, disse Belém Monteiro, vice-presidente do INGD, que está na Zambézia a monitorar a situação.
Adelina Tiroso, administradora de Nicoadala, fez saber que, ao nível local, o Governo está a fazer de tudo para que não falte abrigo, mantimentos e outras necessidades para as famílias. Dado ao número das famílias, foram activados postos de saúde.
“Temos, neste momento, pouco mais de 150 famílias e nós vamos dar tudo enquanto Governo, para minorar o sofrimento das famílias”, garantiu a administradora.
Na tarde desta segunda-feira, o vice-presidente do INGD esteve a trabalhar na localidade de Furquia, distrito de Namacurra, onde o caudal do rio Licungo esteve agitado. Até ao fecho desta reportagem, o caudal do rio Licungo estava acima do nível de alerta com oscilações de sete a oito metros.