Os residentes da cidade da Beira, na província de Sofala, estão a viver momentos dramáticos, desde as primeiras horas da madrugada desta quarta-feira, na sequência das intensas chuvas no Centro do país, que inundaram, em menos de cinco horas, centenas de casas, desalojaram milhares de pessoas e destruíram diversas infra-estruturas públicas e privadas.
O cenário registado é de águas que inundaram todo o bairro da Manga, e as ruas confundem-se com braços de rios. Estas chuvas inundaram igualmente as residências.
“O País” esteve no terreno e ouviu algumas pessoas que tiveram de abandonar as suas casas.
“Está cheia de água e já vai a uma altura de um metro. A situação começou às 12 horas desta terça-feira”, disse Elsa Rafael, residente no bairro da Manga, que teve de abandonar a sua residência.
Na zona da Praia Nova, os residentes teimavam em sair das casas, por terem medo de os seus bens serem roubados. “Todas as casas estão cheias de água e não estamos seguros nesta zona. Mas o que fazer, pois não podemos abandonar os nossos bens, senão as pessoas vão roubar”, disse Lucas Gabriel, da Zona da Praia Nova.
Por seu turno, o delegado do Instituto Nacional de Gestão de Riscos de Desastres, Aristides Armando, disse que a instituição estava no terreno e a prestar assistência às vítimas. Entretanto, a nossa reportagem constatou que as famílias estavam à sua própria sorte.
No centro da cidade da Beira, as águas não inundaram as casas, mas as vias de acesso registam enchentes, o que está a condicionar a movimentação de pessoas e bens.
Devido a esta situação, as autoridades em Sofala suspenderam as aulas e todas as escolas estão encerradas, até à orientação contrária face à aproximação do ciclone Freddy. Os beirenses estão apreensivos com o cenário dos próximos dias, dado que se prevêem chuvas e ventos fortes.
O Município da Beira juntou-se aos esforços do INGD para minorar o sofrimento da população. “Os munícipes têm à disposição a zona das Palmeiras, que se encontra noutra margem do rio Chivive. E ainda os que têm os seus tectos e as coberturas afectados podem ir buscar sacos de areia para reforçar a segurança”, disse Alano Carrige, edil da Beira, para, em seguida, apelar para que os empregadores dispensem os seus trabalhadores.
Um dado não menos preocupante é o facto de as inundações causadas pelas intensas chuvas estarem a condicionar a circulação rodoviária na Estrada Nacional Número Seis, a única via que liga a cidade portuária da Beira ao resto do país e outros países do interland.