O Presidente da República, Daniel Chapo, reuniu-se hoje, na cidade do Porto, com a comunidade moçambicana residente em Portugal, num encontro marcado pelo apelo ao reforço das ligações entre a diáspora e o país, pela partilha da situação política e económica nacional e pela valorização do papel da comunidade no processo de diálogo inclusivo que Moçambique está a conduzir.
Durante a sessão, enquadrada na visita de trabalho que efectua a Portugal para participar na VI Cimeira Bilateral Portugal–Moçambique, o Chefe do Estado explicou o contexto da sua deslocação, sublinhando a importância do reforço das relações de amizade, cooperação, irmandade e familiaridade entre os dois países. O Presidente da República agradeceu a participação activa da diáspora nos processos sociais, económicos e políticos que ligam Moçambique a Portugal.
Ademais, manifestou satisfação por estar junto dos compatriotas residentes no país europeu, afirmando tratar-se de uma oportunidade essencial de contacto directo e diálogo. Partilhou informações sobre a situação política, económica e social do país, destacando o Diálogo Nacional Inclusivo em curso, cuja finalidade é consolidar a paz e a estabilidade com a participação de todos os estratos sociais, sem discriminação de qualquer natureza.
Ao reforçar a natureza ampla deste processo, o governante afirmou que “neste momento, este diálogo está a acontecer, não só ao nível do país, mas também na diáspora, e nós achamos que todos nós precisamos de participar”. Por isso, apelou à comunidade moçambicana em Portugal para contribuir com ideias e propostas que enriqueçam as discussões nacionais.
O Chefe do Estado apresentou igualmente a visão do Governo para o actual ciclo, assente no lançamento dos alicerces da independência económica, destacando que Moçambique dispõe de condições favoráveis em áreas como turismo, transportes, logística, corredores de desenvolvimento, recursos minerais, agricultura, energia e indústria. “Precisamos todos estar unidos e trabalhar para que esta diversificação da nossa economia possa acontecer”, afirmou.
O estadista saudou o contributo contínuo da comunidade moçambicana para a boa imagem do país em Portugal, reconhecendo que representam de forma exemplar a diáspora nos mais diversos planos, incluindo o cultural.
Sublinhou que Moçambique tem beneficiado das contribuições vindas dos seus cidadãos no exterior, em particular de Portugal. “Vamos continuar a trabalhar juntos para encontrar soluções às preocupações que aqui foram apresentadas, que são todas legítimas, registámos e vamos continuar a trabalhar para melhorar”, garantiu.
O Presidente da República anunciou ainda medidas concretas para responder a algumas das preocupações levantadas, assegurando que equipas móveis serão enviadas a Portugal para facilitar o tratamento de documentos, e que o Governo está a mobilizar recursos para que estas brigadas permaneçam por mais tempo no país e noutros destinos com forte presença da diáspora.
Outrossim, informou também sobre as reformas em curso na Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), anunciando a intenção de retomar voos de Moçambique para Portugal, bem como para o Brasil e a Índia. “Já está na manga a retoma dos voos para Portugal”, disse, defendendo que essa retoma contribuirá para estabilizar os preços das passagens.
Em nome da comunidade, os representantes consideraram a visita do Presidente Chapo “uma honra”, sublinhando que há muitos anos um Chefe do Estado moçambicano não visitava a cidade do Porto, facto que descrevem como um “abraço do país”.
Recordaram que a diáspora é composta por cerca de 13.700 moçambicanos entre estudantes, profissionais, empreendedores, atletas e famílias. Reconheceram desafios relacionados com
adaptação cultural, acesso a oportunidades e burocracia, mas afirmaram enfrentá-los com coragem, acrescentando que aspiram a contribuir activamente para as soluções do país.
A comunidade pediu mais bolsas de estudo, maior atenção dos ministérios às dinâmicas da diáspora, a criação de um espaço físico para actividades culturais e reafirmou a disponibilidade para reforçar o desenvolvimento de Moçambique.

