Cerca 500 bancas recém-construídas no mercado anexo do Xipamanine continuam desocupadas. Os vendedores queixam-se da localização e falta de clientes para fazer render os seus negócios.
A venda informal ainda é um desafio palpável. Há cerca de três meses, o Município da Cidade de Maputo iniciou o processo de reestruturação do mercado anexo do Xipamanine com vista a dar aos vendedores informais um espaço para desenvolverem as suas actividades, mas o facto é que na prática esta transformação está a ser marcada por turbulências.
“Arrumamos os produtos, mas os compradores não aparecem. Essa é a nossa reclamação, pois aqui não conseguimos vender e, por isso, os nossos filhos passam fome”, informou, Helena Chaúque, vendedeira do mercado do Xipamanine.
Antonieta Bonifácio, também vendedeira no Xipamanine, reclama das mesmas condições: “O que nos dificulta é a organização por parte de nós como vendedores, porque algumas pessoas não aceitam entrar e vender nas bancas e isso nos cria transtornos porque não conseguimos fazer a receita”.
Há quem diz estar na rua por falta de opções. Tentou garantir um lugar e não conseguiu.
“Não estamos bem porque lá dentro do mercado as pessoas não entram e não é isso que nos impede de lá estarmos. O facto é que não conseguimos bancas nas novas instalações, mas nem todos cá fora carecemos de espaço, outros saem por livre vontade”, disse Carolina Nhanombe.
Para a administração do mercado, os compradores também devem ser responsabilizados e consciencializados a comprar produtos nas bancas e não nas ruas.
“Enquanto não houver uma lei que sancione o comprador por adquirir produtos no chão, o problema vai prevalecer. Antes reclamavam da paragem dos chapas, e conseguimos fazer chegar até aqui porque insinuavam que os passageiros, que são os maiores compradores, não chegavam até as novas instalações”, afirmou o Chefe da Comissão de Vendedores, Efraime Manhique.
Os responsáveis pela gestão do espaço acrescentam ainda que as novas instalações estão aptas para receber todos vendedores que se encontram na parte exterior, o que falta mesmo é cooperação por parte dos mesmos.
“Nós registamos 862 vendedores, num universo de 910 bancas, e no local não tem mais de 300 vendedores, isso para dizer que temos mais 500 bancas vazias, porque as pessoas preferem continuar a praticar a venda informal”, acrescentou o gestor.
A requalificação da venda informal na Cidade de Maputo decorre desde Maio de 2020 em vários mercados do mesmo município. As autoridades exortam a todos a legalizarem suas situações de modo a contribuir para uma cidade mais organizada.