Cerca de 300 mil pessoas estão em risco de serem afectadas por inundações ao longo da bacia do Zambeze na presente época chuvosa. A informação foi partilhada durante XXII Sessão do Comité da Bacia do Zambeze, que decorreu na província de Tete.
No início deste ano, a bacia do Zambeze provocou inundações, onde houve destruição de várias infra-estruturas, com destaque para a ponte sobre o Rio Revúbuè, que ficou com o tabuleiro central destruído, estando, neste momento, em fase de reconstrução. Muitas residências foram destruídas, incluindo instituições do Estado.
Na presente época chuvosa, o cenário pode-se repetir, já havendo previsão de chuvas moderadas e acima do normal, situação que está a ser influenciada pelas descargas que a Barragem de Cahora Bassa está a efectuar desde o início de Outubro passado.
O alerta dado incide sobre as populações que estão em áreas próximas aos rios. De acordo com dados da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, há, ao longo da bacia do Zambeze, mais de 800 mil pessoas, das quais cerca de 300 mil estão expostas às cheias e inundações.
Agostinho Vilankulos, chefe do Departamento de Gestão das Bacias Hidrográficas, no Ministério das Obras Públicas e Recursos Hídricos, diz que a situação hidrológica no país pode ser pior nos próximos dias.
“A chuva vai começar se calhar daqui a duas ou três semanas; estamos a aproximar-nos ao pico da época chuvosa e, ao recebermos cargas dos afluentes como Revúbuè, Luia e Mazowo, aliado à circulação dos ciclones tropicais, cuja intensidade começa a partir de Dezembro e vai até mais ou menos Abril ou Maio, esperamos cenários que não são muito bons.”
A província de Tete acolheu mais uma Sessão do Comité de Bacia do Zambeze, onde foram discutidas várias propostas de mitigação dos impactos de cheias e inundações. Na ocasião, a secretária de Estado na província de Tete, Elisa Zacarias, vincou sobre a necessidade de as autoridades que trabalham na gestão das bacias hidrograficas serem proactivas para evitarem danos materiais e humanos. Neste momento, encontram-se expostas a inundações cerca de 300 mil pessoas.
“A importante tarefa que temos pela frente é construir resiliência na nossa população que vive perto da bacia do Zambeze.”
A Administração Regional das Águas do Centro já está no terreno a trabalhar com diferentes instituições e apela à tomada de medidas. “A Barragem de Cahora Bassa está a descarregar, desde Outubro e, neste momento, tem uma capacidade de encaixe de 85% e espera-se que, até o fim de Dezembro, altura em que vai concluir descargas, tenha uma capacidade de 75%. Nas duas outras barragens, tanto de Muda como de Chikamba, já existe uma capacidade razoável de encaixe”, disse Custódio Vicente, director-geral da Administração Regional das Águas do Centro.
Antes do início das descargas de Cahora Bassa, o caudal do rio Zambeze andava em torno de 1700 metros cúbicos por segundo e o caudal anda, actualmente, à volta de 3200 metros cúbicos por segundo. Aliado a isto, antes também das descargas, a altura hidrométrica era de 2,75 m e, actualmente, subiu para uma média de 396 metros, mas esse cenário não representa, por enquanto, ameaças visto que o nível de risco é de 5,5 metros.