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Camponeses Denunciam Detenções Arbitrárias na Mina de Grafite de Balama

Um número indeterminado de camponeses do distrito de Balama, na província de Cabo Delgado, está detido desde o dia 2 de maio, alegadamente pela Polícia da República de Moçambique (PRM), na sequência de uma operação de reabertura da estrada que dá acesso à mina de grafite, encerrada há quase oito meses devido a um conflito fundiário entre as comunidades locais e a empresa exploradora do minério.

De acordo com relatos de moradores, desde a chegada da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) à região, várias pessoas têm sido presas diariamente, enquanto outras continuam desaparecidas. As comunidades afirmam que os detidos estão a ser alvo de tortura e maus-tratos por parte das autoridades.

“As torturas começaram no dia em que a UIR chegou. Dispararam vários tiros e obrigaram alguns detidos a rebolar sobre o asfalto quente da estrada. Muitos estão feridos, com o corpo inchado e cheio de hematomas”, denunciou um camponês que, por receio de represálias, se encontra em local incerto.

Além das detenções e desaparecimentos, os residentes de Balama expressam indignação com o silêncio das autoridades governamentais e policiais, assim como da empresa Twigg Mining and Resources, responsável pela exploração da mina.

“Não entendemos por que o governo decidiu usar a força quando o conflito já estava prestes a ser resolvido. Na última reunião, a empresa aceitou as nossas exigências e só faltava o pagamento das compensações. Estamos aqui desde setembro de 2024. Nunca invadimos a fábrica, apenas bloqueamos a estrada de acesso até que fôssemos indemnizados”, lamentou outro camponês, também foragido por alegadamente constar numa lista de procurados pela UIR.

A operação policial envolveu três autocarros, dois camiões e várias viaturas blindadas, mobilizadas para desmantelar as barricadas instaladas na via de acesso à mina. A presença permanente da polícia nas instalações da empresa visa impedir novas manifestações e garantir a retoma das atividades.

Até ao momento, tanto o governo provincial, que atua como mediador do conflito, quanto a PRM e a Twigg Mining and Resources, mantêm-se em silêncio sobre os acontecimentos.

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