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Banco de Moçambique alerta sobre incertezas que podem agravar o custo de vida

Prevalecem elevados riscos e muitas incertezas que podem agravar o custo de vida no país, considera o Banco de Moçambique. Entre os riscos está a pressão sobre a despesa pública, que coloca excesso de dinheiro na economia. Por isso, o Banco Central decidiu manter a taxa de juro de política monetária.

Num contexto em que é aprovada a Tabela Salarial Única (TSU) em Moçambique, instrumento que aumenta os gastos do Governo moçambicano, com salários e remunerações, em cerca de 25 mil milhões de Meticais, o Banco Central alerta que a pressão sobre as despesas constitui um risco para o agravamento do custo de vida ao nível nacional.

Segundo Rogério Zandamela, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25%. “A medida decorre da prevalência de elevados riscos e incertezas subjacentes às projecções de inflação, com ênfase para o impacto da liquidez gerada na economia, resultante da pressão sobre a despesa pública, e do prolongamento da tensão geopolítica na Europa, não obstante a manutenção das perspectivas de inflação num dígito, no médio prazo”, disse o governador do Banco de Moçambique, num comunicado de imprensa enviado à nossa Redacção.

De acordo com o mesmo documento, adicionalmente, o Comité de Política Monetária CPMO decidiu aumentar os coeficientes de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional de 10,5% para 28,0%, e em moeda estrangeira de 11,5% para 28,5%, visando absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com tendência de gerar uma pressão inflacionária.

“Os riscos e incertezas associados às projecções de inflação agravaram-se. A nível interno, salientam-se as incertezas quanto ao impacto do excesso de liquidez sobre os indicadores macroeconómicos, bem como dos prováveis efeitos dos choques climáticos na oferta e comercialização de bens. A nível externo, prevalecem as incertezas em relação aos efeitos do prolongamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e os riscos de recessão económica global”, lê-se na mesma nota de imprensa.

Para o Banco de Moçambique, mantêm-se, entretanto, as perspectivas de desaceleração da inflação, no curto e médio prazo. Em Dezembro do ano passado, a inflação anual, que comporta as cidades de Maputo, Beira e Nampula, desacelerou para 10,29%, após 10,62% em Novembro, a reflectir, sobretudo, o contínuo abrandamento dos preços dos bens alimentares e a redução do preço do gás doméstico.

A inflação subjacente observou a mesma tendência. Para o médio prazo, mantêm-se as perspectivas de uma inflação de um dígito, a reflectir os efeitos dos aumentos da taxa MIMO, efectuados em 2022, e da estabilidade do Metical.

As perspectivas de crescimento económico, para o médio prazo, foram ligeiramente revistas em baixa. Esta revisão decorre da maior restritividade das condições financeiras a nível global e consequente abrandamento da actividade económica dos principais parceiros comerciais do país, com potencial para a redução da procura externa. Entretanto, a nível interno, a implementação dos projectos energéticos continuará a favorecer o crescimento económico.

De acordo com o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, a dívida pública mantém-se elevada. O endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 288,7 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 13,6 mil milhões em relação a Dezembro do ano passado.

O Comité de Política Monetária diz que continuará a monitorar a evolução dos riscos e incertezas associados às projecções de inflação e não hesitará em tomar as medidas correctivas necessárias.

A próxima reunião ordinária do CPMO está marcada para o dia 29 de Março deste ano.

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