Famílias que vivem em casas de espaços comuns nos bairros da periferia da cidade de Maputo enfrentam dificuldades para prevenir a COVID-19.
Não tem sido fácil a convivência das mais de 20 pessoas que vivem nos famosos condomínios, mais conhecidos por periferia, dos bairros periféricos. No populoso bairro de Xipamanine, “O País” encontrou um compond com 14 casas, todas próximas uma da outra.
No local, partilham de tudo um pouco, o sanitário, o minúsculo espaço, o estendal de roupa, as torneiras. Com o coronavírus a espreita as famílias temem o pior.
“Nós tentamos nos prevenir mas não tem sido fácil, partilhamos todos uma casa de banho precária incluindo crianças e idosos” disse Castelo Francisco, chefe das casas.
Sem querer ser identificada pelo verdadeiro nome, Célia Maria, explicou-nos que teve que fazer algumas adaptações no interior da pequena casa onde vive com sua família.
“Na minha casa vivem oito pessoas, eu, meu esposo, cinco filhos e meu cunhado. Tive que adaptar uma cozinha e passei a fazer as refeições fora, por que dantes as crianças dormiam todas no mesmo sítio muito juntas”, explicou a mulher.
O quintal do Compond, chega ser pequeno para o número de crianças que na sua inocência brincam próximas umas das outras, abraçam-se sem receio do vírus. A utilização dos sanitários é feito por filas, para as limpezas estabeleceu regras.
“Por dia cada família cuida das limpezas, temos sempre que tirar água utilizada no banho e despejar na estrada” disse Carla Tembe, outra moradora deste compond.
As informações sobre a propagação do coronavírus são bem conhecidas e as medidas acatadas em outro compond, situado no bairro da Mafala, arredores da cidade de Maputo.
“Nós já ouvimos falar do Coronavírus e nos cuidamos, não saímos de casa, as saudações são feitas de longe. Aqui quem vai nos trair são as crianças que não aceitam ficar dentro de casa”, desabafou Celeste Pedro. Ainda assim na entrada do condomínio água sabão e cinza não faltam.
Manter as crianças nos pequenos compartimentos tem sido dilema de muitos pais nestes condomínios, a exposição ao ar livre e as inocentes brincadeira podem transformar-se num verdadeiro pesadelo.