O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) confirmou a sua comparticipação no projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL) do consórcio liderado pela francesa Total, na Área 1 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado. O empréstimo é de USD 400 milhões.
Algumas semanas após o fecho dos contratos de financiamento do projecto de desenvolvimento de Gás Natural Liquefeito (GNL) na Área 1 da Bacia do Rovuma, no valor de 16 biliões de dólares, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) confirmou esta quarta-feira, a sua comparticipação no montante de USD 400 milhões.
A Decisão Final de Investimento foi assegurada em Junho de 2019, e o valor total do projecto é de mais de USD 20 biliões. Isso inclui componentes onshore (na terra) e offshore (no mar), custos associados à construção de instalações a serem compartilhadas com o projecto adjacente da Área 4, e custos de financiamento.
Em comunicado enviado ao “O País Económico”, o BAD refere que os custos do projecto serão financiados através de uma combinação de capitais próprios e empréstimos seniors.
“O empréstimo sénior compreende também um conjunto de financiamentos directos vindos de Agências de Crédito à Exportação (ECA), como o US-EXIM, JBIC, UKEF, Thai EXIM, NEXI, SACE, ECIC, UKEF , Atradius e bancos comerciais”, realça o BAD.
O empréstimo desta instituição financeira com sede em Abidjã, na Costa do Marfim, é considerada a maior investida no financiamento de projectos em África, e complementará um investimento em Moçambique de 800 milhões de dólares nos sectores de electricidade, transporte e agricultura.
“A estratégia do BAD em Moçambique, aprovada em 2018, pretende estimular um crescimento económico inclusivo apoiando as ligações entre a economia doméstica e os grande projectos infraestruturais e extractivos.
Abdu Mukhtar, director do Departamento de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Banco Africano de Desenvolvimento, disse que a assinatura do financiamento da Área 1 de GNL de Moçambique anuncia uma “nova era de industrialização para o país e para o resto da região”.
“Acreditamos que é fundamental que investidores privados, partes interessadas locais, a comunidade de doadores e o Governo de Moçambique concentrem-se no desenvolvimento industrial, conduzido pela execução de projectos de gás doméstico. Alguns dos compradores assim como produtores de fertilizantes ou unidades de produção de energia, têm potencial para se tornarem competitivos na região e globalmente, criando assim dezenas de milhares de empregos para o povo de Moçambique”, apontou.
Por outro lado, o representante do BAD em Moçambique, Pietro Toigo afirmou que este investimento alavancará o desenvolvimento de recursos naturais para acelerar a transformação agrícola e os investimentos em infra-estruturas sustentáveis, que são dois pilares fundamentais da actual estratégia no país.
“O projecto contribuirá para a industrialização do país e da região, por meio da actividade industrial prevista, que o gás doméstico irá gerar em Moçambique e na região da África Austral. A presença do Banco garantirá a aderência aos padrões internacionais de transparência e a total conformidade com os requisitos ambientais e sociais, de acordo com o Sistema Integrado de Salvaguardas (ISS)”, acrescenta o representante do BAD em Maputo.
Refira-se, que Total E&P Moçambique Área 1, Limitada, uma subsidiária integral da Total SA, opera a Área 1 offshore com uma participação de 26,5%. Os accionistas incluem ENH Rovuma Área 1, SA (15%), Mitsui E&P Moçambique Area1 Limitada (20%), ONGC Videsh Rovuma Limitada (10%), Beas Rovuma Energy Moçambique Limitada (10%), BPRL Ventures Moçambique BV (10%) e PTTEP Moçambique Área 1 Limited (8,5 por cento).
Para além do projecto acima referido, o BAD apoia outro grande investimento do sector privado o projecto do Corredor de Nacala, um corredor de desenvolvimento de recursos naturais que consiste na criação de uma rede ferroviária que abrange mais de 912 quilómetros, de Moatize (em Tete) até o porto de Nacala Velha, passando pelo Malawi. Esta integração regional cria a espinha dorsal de uma plataforma integrada de logística rodoviária e ferroviária para catalisar investimentos adicionais na Zâmbia, Malawi e Tanzânia.
O projecto de GNL de Moçambique liderado pela Total será o primeiro desenvolvido em terra, consistindo inicialmente de dois comboios de GNL com a capacidade nominal de 13,12 milhões de toneladas por ano (MTPA) para apoiar o desenvolvimento dos campos da Área 1 de Golfinho / Atum localizados no mar.
O projecto assegurou com sucesso um total agregado de 11.1 MTPA de vendas de GNL a longo prazo (representando 85% da capacidade nominal da infraestrutura), sendo os principais compradores de GNL, oriundos da Ásia e Europa.