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Mais 10 milhões de moçambicanos terão energia eléctrica em 2024

Mais 10 milhões de moçambicanos terão acesso à energia eléctrica em 2024, no âmbito do programa Energia para Todos e do objectivo de acesso universal da energia até 2030. Para o efeito, vários projectos de centrais térmicas, linhas de transporte e de distribuição de energia estão em curso em todas as regiões do país. A garantia foi dada pelo Presidente da República, esta semana, durante as celebrações dos 45 anos da Electricidade de Moçambique (EDM).

Aquando da criação da Electricidade de Moçambique (EDM), a 27 de Agosto de 1977, apenas 15 distritos tinham corrente eléctrica da rede nacional. Neste momento, o Governo garante que todas as 154 sedes distritais já têm energia e a meta é, até 2030, todos os moçambicanos estarem ligados à rede nacional de energia eléctrica.

Um compromisso reiterado, na gala de celebração dos 45 anos da empresa pública, terça-feira, em Maputo, a olhar para os indicadores dos últimos anos que apontam para 307 mil novas ligações, só em 2021.

É um facto e o próprio Presidente reconheceu: Moçambique nunca antes tinha tido a taxa de crescimento de acesso à energia como a que está a ser registada nos últimos anos.

“Neste percurso de quatro décadas, a actual taxa de acesso da população à energia passou de menos de 2% para 41%, mesmo com as várias conjunturas extremamente difíceis. Ainda assim, esta taxa corresponde a 12 milhões de moçambicanos, o que revela que, apesar do excelente trabalho que a EDM está a realizar, ainda há muito trabalho por fazer”, descreveu o Presidente.

Segundo o Chefe de Estado, um dos passos importantes na massificação do acesso à energia foi a aprovação da taxa zero na ligação doméstica e, com esta medida, “retiramos uma das maiores barreiras e, como resultado, conseguimos atingir número significativo de novas ligações, que só no ano passado atingiu o recorde de 307 mil novas ligações, um registo nunca antes visto”.

O Chefe de Estado não deixa de entender que a EDM deve ser motivo de orgulho de todos e, quiçá, por isso, ser acarinhada. Porém, Filipe Nyusi diz ser necessário que não se perca o que ainda se tem em termos de trabalho.

“Estamos a 23% de ligar energia em todas as sedes dos postos administrativos, conforme nos comprometemos e isso vai acontecer até 2024. Até lá, mais dez milhões de moçambicanas terão energia nas suas casas e comunidades pela primeira vez”, assegurou.

Para o efeito, estão em curso, no país, vários projectos de geração e distribuição de energia eléctrica. Nyusi citou, para o Norte do país, a conclusão da linha de transmissão Cuamba–Marrupa, incluindo a subestação de Marrupa, a central fotovoltaica de Metoro, onde decorrem preparativos para a arranque da central de emergência de Nacala, que deve estar concluída até 2024.

“No Centro do país, destaca-se a linha Chimuara–Alto Molocue, a nova subestação de Matambo, e a linha de 400 quilovolts que une Moçambique e Malawi. Já no Sul, o destaque vai para a construção da central térmica de Temane, uma infra-estrutura construída de raiz após a independência, ligando Temane a Maputo”, acrescentou.

Entretanto, para Filipe Nyusi, o valor desta meta não está em fazer chegar a energia às sedes distritais ou postos administrativos, e sim no impacto que terá na vida das pessoas. “Podemos pensar que estamos a distribuir, estamos a transportar, mas estava eu em contacto, porque estou sempre no campo… há postos administrativos aonde chegou a energia, mas tem de chegar à casa da pessoa, na sua serralharia ou restaurante; não chegar à vila e dizer que já chegou; temos de ir ao encontro, porque ele é cliente e deve pagar por isso”, exigiu.

CORRUPÇÃO NA EDM

Enquanto 2024 não chega e as promessas não se concretizam, o Presidente da República lembra que há um desafio actual que afecta instituições e várias empresas públicas: a corrupção, da qual a EDM se deve distanciar.

“A EDM deve pautar pelos princípios de honestidade na contratação de serviços, distanciando-se das práticas do nepotismo ou de troca de favores e de outros comportamentos que lesam o bom nome da empresa e a sua prosperidade”, acautelou.

MATRIZ ENERGÉTICA DIVERSA

Num contexto em que o mundo inteiro fala do abandono completo de energias fósseis, o Presidente da República pediu que a EDM seja proactiva na criação de fontes alternativas.

“Estamos numa posição demasiadamente vantajosa. Todo o tipo de energia que se produz no mundo, nós podemos produzir. Não produzimos de carvão por respeito à natureza, mas, se for necessário… Mas produzimos de água, produzimos com sol, com gás a partir daqui da Sasol e também podemos produzir com o vento”, pelo que o Presidente da República não vê espaço para que não se aposte na diversificação da matriz energética.

RESPONSABILIDADE SOCIAL NA CELEBRAÇÃO DOS 45 ANOS

No âmbito da celebração dos 45 anos, a empresa pública decidiu financiar 500 intervenções cirúrgicas de remoção de cataratas, para devolver a visão de quem dela necessita. Segundo o presidente do Conselho de Administração da EDM, Marcelino Gildo Alberto, este acto agrega a missão de dar a luz a quem vive na escuridão.

O responsável garantiu que essas cirurgias vão acontecer ainda este ano, em unidades sanitárias de todas as províncias, numa missão coordenada pelo Ministério da Saúde.

Outra componente é a formação. A EDM está a apoiar a formação de 200 raparigas no curso de Electricidade Instaladora em instituições de ensino profissional.

A EDM decidiu atribuir bolsas de estudo a 40 raparigas que, no fim do curso, vão integrar o quadro técnico profissional da EDM.

“Esperamos, com essas actividades, promover a equidade do género na empresa, incentivar o acesso à educação, numa área que cria mais oportunidade de auto-emprego e promove mais conhecimento, numa altura em que a EDM é desafiada a atingir o acesso universal até 2030”, explicou Alberto, a finalizar.

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