As condições de vida da população da ilha de Inhaca, na Cidade de Maputo, estão cada vez mais difíceis devido à avaria da única embarcação que facilitava a ligação com a Cidade de Maputo.
A constatação é dos deputados da Assembleia da República, que estiveram esta quarta e quinta-feira em Inhaca para ver de perto o dia-a-dia da população daquele distrito municipal da Cidade de Maputo.
A principal embarcação que ligava Cidade de Maputo à Inhaca está parada desde o dia 1 de Julho, e a viagem é feita em pequenas embarcações, sob todos os riscos.
Segundo um documento enviado à Redacção do “O País”, os deputados dizem que “a avaria da embarcação popular agudizou o custo de vida da população, uma vez que as existentes são de [entidades] privadas e cobram, por viagem, 1500 Meticais contra 300 da embarcação popular.”
Por isso, segundo se lê no documento, a situação encareceu ainda mais a vida da população, há falta de produtos alimentares, e os que estão à venda custam caro. Outro problema é que, por falta da embarcação, há falta de mercado para comercialização dos produtos retirados da ilha, como o caso de mariscos.
“É desolador que perto da Cidade de Maputo, cerca de 32 quilómetros, haja uma população que vive em condições económicas extremas e com sinais visíveis de pobreza”, escreveram os deputados e acrescentaram que “devido a esses males, as nossas mães cortam lenha do mangal para vender nas padarias e usar como fonte de energia na confecção dos alimentos e como fonte de rendimento”.
O documento aponta ainda que os homens invadem as áreas de conservação e reserva pesqueira como forma de garantir a sobrevivência das suas famílias e as raparigas envolvem-se em uniões prematuras para tentarem fugir da pobreza. Já os rapazes que terminam a 12ª classe, por falta de emprego, ou por não vislumbrar um futuro melhor, consomem bebidas caseiras e drogas, para “aliviar a dor”.
O desemprego entre os jovens e falta de instituições de ensino superior são outro problema e o encerramento do Hotel Pestana, um dos principais na ilha, agudizou a falta de emprego e, por isso, os moradores pedem a reabertura do hotel, maior impulso no turismo, mobilização de financiamento dos projectos juvenis e instalação de uma instituição do ensino superior ou uma instituição do ensino técnico-profissional, na ilha.
A ilha de Inhaca tem cerca de 6400 habitantes e 21% não sabem ler nem escrever.