O presidente da Comunidade Moçambicana disse que já havia sinais de que tal poderia ocorrer, dada a hostilidade de alguns cidadãos sul-africanos para com os moçambicanos e exigiu esclarecimentos sobre o crime. José Calcaudasse entende não ser xenofobia, mas sim um acto protagonizado por assaltantes.
De acordo com testemunhas, três pessoas teriam abordado um autocarro em que viajavam cidadãos moçambicanos com destino a Durban, na África do Sul. Relatos dizem que os indivíduos teriam mandado descer todas as pessoas e, de seguida, ateado fogo ao mesmo.
O jornal O País teve acesso a um vídeo amador que mostra o momento em que o autocarro é consumido pelas chamas. Nos últimos minutos do ficheiro, é possível ouvir a voz de uma das vítimas a dizer que os malfeitores pediram 20 mil rands, cerca de 80 mil Meticais, para libertar as pessoas.
Para o presidente da Comunidade Moçambicana na província de Kwazulu-Natal, na África do Sul, não há dúvida de que se tratou de um acto criminoso e que já havia sinais de que tal ia ocorrer, dada a hostilidade que os moçambicanos residentes naquele país vizinho vivem todos os anos.
“Desde o ano passado, já sabíamos que este ano muita coisa ia acontecer, porque é o que os sul-africanos sempre disseram e sabíamos que o Governo não ia ajudar-nos”, disse José Calcaudasse, presidente da Comunidade Moçambicana em Kwazulu-Natal.
No incidente, não houve registo de feridos ou mortos e são ainda desconhecidas as causas e a localização dos criminosos.
José Calcaudasse descarta hipóteses de xenofobia, “porque nós saberíamos. Geralmente, actos xenófobos apresentam certas características que deixam claro de que se trata de tais crimes. Agora, um grupo de pessoas que vai a uma mata qualquer para assaltar pessoas, isso não é, para mim, claro”.
A Comunidade Moçambicana lamenta ainda a falta de apoio dos governos da África do Sul e de Moçambique e clamam por mais intervenção da Polícia dos dois países.
“Tem que haver uma grande conversa entre os dois governos para que haja mais protecção nas estradas. O que está a acontecer deve-se à falta de diálogo e cooperação entre os dois governos”, desabafou o representante da Comunidade Moçambicana na África do Sul.
No contexto de especulações de novos ataques e medo, o número de viajantes reduziu, pelo menos, no Terminal Internacional da Baixa da Cidade de Maputo.