O País – A verdade como notícia

Author: Patrício Manjate

Xindau e Xissena

Xindau chegou, devagar, silencioso, como o ar antes de ser vento. Xissena, num gesto feminino, puxou a capulana de pouca cor e cobriu os joelhos.

Vinte e Cinco

Ela segurou-me pelos olhos. Pelo fio do olhar, delicado, mas fatal como a seda teia de uma aranha. Entramos para a cela escura. Não, não

Poh!

Poh! O som seco estilhaçou a tarde, ribombou nos tímpanos, cutucou os instintos, atiçou o medo no salão de festas: – Yuh! Havia um “Yowê”

Um morto volta?

– Ah ah ah… – com a gargalhada, desclassificou as palavras  do amigo –, mentira! – esticou  o “i" quando disse “mentira", para acrescer quilates

Os Dez Homens de Fátima

O homem Um abriu a braguilha. Soltou a arma do crime. Arregaçou o capuz do prepúcio. Descontraiu os músculos da bexiga, em permissão aos líquidos

O Cabeça de Lista

Nervosismo. Rangeu os dentes. Olhou, em quase desespero, para o papel com contas. Aritmética simples, simples, mas os cálculos estavam antipáticos. Torceu a boca. Suspirou.

Mahupeiro

Desarmou da axila, o jornal. Inspirou o cheiro do papel recém impresso. Desabrochou as folhas e as páginas floriram. As notícias cheiravam a fresco. Deliciou-as.

Eclipse

Segunda-feira: A lua, desenhada a compasso, era um ponto branco pingado na noite, entre respingos de astros. Calada, pequena, pequenina, contudo ocupava o céu todo

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