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Aumentam vendedores informais nas pontes pedonais

Foto: O País

Há cada vez mais vendedores informais nas pontes pedonais das cidades de Maputo e Matola. As direcções de Mercados e Feiras reiteram que a venda nesses locais é proibida e expõe os vendedores ao risco de atropelamento.

A ponte pedonal da paragem rodoviária da Casa Branca, no Município da Matola, tornou-se lugar de disputa entre os peões e os vendedores informais que há anos buscam, naquele lugar, formas de sustentar as suas famílias, pela venda de produtos diversos.

Interpelada pelo “O País”, Sónia disse ser vendedeira de bolinhos de trigo naquela ponte localizada na Estrada Nacional Número 4, há mais de quatro anos e que aquela é a principal fonte de sustento dos seus quatro filhos.

“Eu estou aqui há anos a vender filhoses. Mandaram-me embora, mas não tenho outro lugar para desenvolver o meu negócio”, disse a mulher.

Dionísio Francisco, de 25 anos, outro vendedor informal, disse ter visto, naquele lugar, uma solução ao problema do desemprego que assola o país.

“Eu vendo plásticos, doces e bolachas há cerca de dois anos e daqui consigo ter pelo menos alguma coisa para satisfazer as minhas necessidades”, disse Francisco.

Vende-se um pouco de tudo. Todos sabem os perigos que correm e que a actividade comercial é proibida nas pontes, ainda assim, dizem não ter outra saída.

“O dono desta mercadoria sabe que aqui estou exposto ao perigo. Mas ele improvisou desta forma. Sei que estou em perigo vendendo aqui, por isso, sempre que a Polícia nos encontra, carrega a nossa mercadoria para que saiamos daqui, mas não temos o que fazer ”, explicou José Samuel.

O problema é crónico também na Cidade de Maputo. A ponte destinada à travessia de peões, no Bairro George Dimitrov, está tomada pela venda informal.

Mesmo com um mercado municipal ao lado, os vendedores alegam que têm mais clientes na ponte, segundo disse Ramito Fazenda: “No mercado, não há clientes, por isso preferimos vender aqui para aproveitarmos as pessoas que voltam do serviço. Geralmente chego aqui às 14 e o negócio vai bem”.

Os municípios de Maputo e Matola reconhecem o problema e afirmam que a invasão dos informais às pontes destinadas aos peões é preocupante.

“Temos ido todos os dias ao campo para fazer trabalho de sensibilização e educação cívica aos vendedores informais, apesar dos argumentos que apresentam para permanecer naquele local”, disse José Quive, director de Mercados e Feiras, na Cidade da Matola.

Por seu turno, César Cunguara, director-adjunto de Mercados e Feiras, na Cidade de Maputo, destacou que o problema tem aumentado o número de acidentes do tipo atropelamento.

“Este assunto preocupa-nos, por isso temos estado a trabalhar com a Polícia Municipal para evitar que este tipo de venda cresça em locais impróprios. Como se sabe, aquele local foi feito para a travessia de peões, por isso é proibido que se faça qualquer tipo de venda”, disse Cunguara.

Como forma de reduzir o número de vendedores informais, em locais impróprios, as edilidades apelam aos clientes para que comprem produtos no interior dos mercados.

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