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Aumenta actividade ilegal na área concessionada à Montepuez Ruby Mining

Dois meses depois da morte de nove garimpeiros devido ao desabamento de uma mina artesanal, a Montepuez Ruby Mining (MRM) volta a manifestar preocupação com o aumento de incidentes que resultam na perda de vidas humanas na sua concessão.

Em todas as situações, a mineradora britânica afirma ter prestado assistência humanitária e operações de resgate. A resposta da MRM inclui ainda a sinalização da área como forma de alertar para o perigo da mineração ilegal e sensibilização das comunidades locais e funcionários do governo.

Em comunicado de imprensa, a MRM diz que dados recolhidos no terreno revelam a existência de consórcios de organizações criminosas que gerem a mineração ilegal e “contribuem para a existência da escravatura moderna nesta actividade”.

Os dados revelam ainda que a maioria dos garimpeiros identificados é proveniente de Nampula, província que fica a 400 quilómetros de Montepuez. “Os garimpeiros, na sua maioria jovens, são normalmente recrutados por líderes ou intermediários bem financiados (baseados em Montepuez, Pemba e Nampula) que se aproveitam da pobreza e do desemprego, atraindo-os com promessas de fortunas na mineração de rubi”, diz o comunicado da mineradora britânica que explora rubi em Montepuez.

A actividade é tão actrativa que alguns jovens pagam aos “grupos criminosos” para serem integrados no garimpo de rubi. Os “consórcios criminosos” fornecem transporte para Montepuez, comida e alojamento no local de trabalho. Caso os garimpeiros não possam pagar antecipadamente, eles são obrigados a pagar pelo trabalho, situação que os coloca numa situação de dependência em relação aos líderes do garimpo.

“Os garimpeiros são levados aos poços de mineração ilegal e sujeitos a condições desprezíveis e altamente inseguras de trabalho, recebendo ferramenta, comida, água e alojamento. As pedras preciosas recuperadas pelos garimpeiros devem ser vendidas através do consórcio para um chefe superior e o garimpeiro recebe apenas uma fracção das somas envolvidas. E tendo dívidas com o consórcio e sem dinheiro disponível, os garimpeiros não podem voltar livremente às suas casas”, explica a MRM.

Além de criar prejuízos à concessionária da área, a pesquisa concluiu que o fluxo de garimpeiros prejudica o tecido social das comunidades locais, devido ao abuso de álcool e drogas, violência doméstica e sexual e problemas ambientais.

A MRM afirma que tem estado a colaborar com o Ministério dos Recursos Minerais e Energia, governo de Cabo Delgado e administração de Montepuez para identificar os patrocinadores do garimpo de rubi e reduzir o risco e a exploração dos grupos vulneráveis.

A terminar, a concessionária britânica faz notar que uma investigação profunda será necessária para identificar os intermediários, os promotores da actividade de mineração ilegal que operam nas comunidades locais, os seus financiadores – que normalmente são compradores estrangeiros de pedras preciosas, e que as medidas legais a tomar.

 

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