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Até sempre, Nely Jeremais Nyaka!

Foram hoje a enterrar, no cemitério de Lhanguene, os restos mortais de Nelly Jeremias Nyaka, mãe do escritor Luís Bernardo Honwana, autor da celébre obra “Nós matámos o canhão tinhoso”. Nely Jeremias Nyaka, carinhosamente tratada por “vovó Neli”, viveu 103 anos e 115 dias.

A Igreja Presbiteriana de Moçambique, na Paróquia de Chamanculo, acolheu o velório de corpo presente de Nely Jeremias Nyaka. E não foi por acaso que a paróquia foi escolhida para familiares e amigos para se despedirem de “vovó Nely” que impactou a vida de todos que tiveram contacto com ela.
Em vida, Nely Jeremias Nyaka foi uma crente que muito contribuiu para a igreja, tal como fez questão de sublinhar o vice-presidente da Paróquia de Chamanculo.

“A vovó Nely foi uma activista muito forte para esta igreja. Acredito que muito de vós, sem o saber, contribuiram para a consrução desta paróquia porque ela batia portas por todo o lado a fazer f peditórios para que hoje tivessémos a igreja que temos aqui”.

A família falou, igualmente, do legado que Nely Jeremias Nyaka, mãe do escritor Luís Bernardo Honwana, deixou na comunidade paroquial como também os valores que transmitiu aos que com ela privaram.

“A prova cabal de quem ela foi está patente perante os nossos olhos. Basta olhar para o panorama que os seus filhos, netos, bisnetos e demais descendentes no que respeita a harmonia, estabilidade emocional, sucesso social e carácter”, observou Soldêncio Nyaka.

Os netos e bisnetos, em elogio fúnebre, também destacaram as qualidades da “vovó Nely” que deixou um legado de valores morais e éticos que vão se perpetuar ao longo dos tempos.

O escritor Luís Bernardo Honwana e o diplomata João Bernardo Homwana são alguns dos filhos, de um total de dez, onde dois perderam a vida, um dos quais no acidente de Mbuzine juntamente com Samora Machel de quem era seu assistente especial, de nome Fernando Bernardo Honwana.

Em homenagem à mãe, os filhos celebram o exemplo de vida que Nely Jeremias Nyaka foi durante os 103 anos de vida.

“Mais do que apenas chorar a tua partida queremos, nesta homenagem, celebrar a tua vida extraordinária, exemplar e o profundo impacto que tiveste em todos nós”, disse Violante Honwana, uma das filhas, numa mensagem emocionante lida no velório.

Várias personalidades do mundo da política, literatura, associativismo e academia estiveram presentes no velório e não pouparam elogios.

A título de exemplo, o antigo presidente da República, Armando Guebuza, contou ao “O País” que conheceu a falecida desde a sua juventude na antiga Lourenço Marques, actual Cidade de Maputo.

“Nós conhecemos a vovó Nely ainda crianças em Lourenço Marques, assim como na Moamba, onde iamos e aproveitavamos comprimentar para mostrar o nosso respeito pela grandeza da senhora e dos seus feitos.

O primeiro-ministro, Adriano Maleiane, esteve na cerimónia não em representação do Governo mas a título pessoal dada à ligação com a malograda.

A antiga ministra da Educação e actvista social, Graça Machel, partilhou a sua história relatando que foi a “vovó Nely” que a deu conselhos quando foi a vez de casar com o falecido presidente Samora Machel.

“A mâe Nely é minha mãe. Ela foi um pilar na minha vida e na vida da minha família. Quando estava a preparar-me para casar com Samora Machel, foi a mãe Nely que me deu a mão e as orientações do que é que significava casar com Samora nas circunstâncias em que ele já era Chefe de Estado.

Quando Samora morreu, em particular, ela esteve em minha casa, verdadeiramente em minha casa comigo, com os meus filhos e com os irmãos de Samora.”

Os restos mortais de Nelly Jeremias Nyaka foram a enterrar na tarde desta quarta-feira no cemitério de Lhanguene.

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