O Presidente da República, Filipe Nyusi, e o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, já assinaram o acordo de paz e reconciliação. A cerimónia realizou-se esta tarde, na Praça da Paz, na capital do país.
De acordo com Filipe Nyusi, o dia de hoje é de celebração da concórdia e, ao nível pessoal, torna-se emocionante para o Presidente porque hoje lembrou-se do encontro que teve com o falecido Afonso Dhlakama na serra da Gorongosa, precisamente há dois anos.
Neste contexto em que se abre uma nova página na história do país, Nyusi afirmou que a paz duradoura implica eliminação de factores que geram conflitos, o que envolve a participação de todos, respeito pela lei e pela liberdade dos cidadãos. “Queremos assentar a nossa marcha rumo à paz definitiva”, afirmou Nyusi, realçando que este é o primeiro acordo de paz de Moçambique resultado de uma negociação directa entre o Governo e a Renamo, o qual dissipou desconfianças e criou ambiente de compreensão entre as partes envolvidas.
O Presidente da República, momentos depois da assinatura dos documentos, lembrou que este dia foi antecedido pela aprovação da lei de amnistia e acordo de cessação de hostilidades a 1 de Agosto. Para Nyusi, depois do acordo definitivo, o futuro dos moçambicanos será certo. “Este é um acordo que prova que não queremos mais guerra”, e o Presidente garantiu que o diálogo sempre será a aposta na resolução de conflitos porque Moçambique nunca mais deve ser teatro de guerra. E mais: “Nunca os resultados das eleições devem ditar o estado da paz em Moçambique”.
Nyusi reconheceu a contribuição de várias forças da nação moçambicana neste ciclo, inclusive do Presidente falecido da Renamo, Afonso Dhlakama, pela compreensão nas longas negociações. O Presidente da República também agradeceu a Ossufo Momade, actual Presidente da Renamo, por fielmente assegurar o fim deste processo irreversível.
O Presidente da República terminou dizendo que tem a certeza de que os moçambicanos vencerão com este acordo que deve capitalizar os aspectos positivos do Acordo Geral de Paz e do assinado em Setembro de 2014, em Maputo. “A experiência que ganhamos será o farol que nos orientara para desenvolvimento inclusivo”, disse Filipe Nyusi, mantendo o compromisso do Governo continuar firme no combate dos malfeitores em Cabo Delgado.
Na cerimónia realizada na Praça da Paz, igualmente, interveio o Presidente da Renamo. Para Ossufo Momade, o acto de hoje significa que em momentos de desentendimento os moçambicanos podem encontrar no diálogo uma plataforma de resolver as suas diferenças. “Com este acordo selamos o compromisso de manter a paz e a reconciliação nacional. Todos somos chamados a proteger estes valores importantes para manutenção do bem-estar dos moçambicanos”, afirmou Momade.
O Presidente da Renamo entende que o cessar-fogo deve marcar o início da nova era, caracterizada por eleições livres, transparentes e pela alternância governativa. “A nossa visão deve ser potenciar o que nos une e não o que nos divide. Assim poderemos alcançar o progresso e vencer a pobreza que tanto afecta os moçambicanos”.
Doravante, para Momade, o compromisso da despartidarização do Estado deve ser permanente para que Moçambique permaneça um país uno e indivisível. “Os moçambicanos devem desfrutar da riqueza do país com este cessar-fogo”, afirmou, considerando que a vinda do Papa Francisco neste momento histórico é abençoada por Deus. “A vinda do Papa Francisco constituirá uma ocasião para purificarmos os nossos corações”.
Antes de terminar a sua intervenção, Ossufo Momade garantiu que quer o Governo quer a Renamo comprometem-se em manter a paz. “Comprometemo-nos a não cometer os mesmos erros, de modo que o sangue derramado não tenha sido em vão”.
Momade reconheceu o contributo daquele que considera um herói, Afonso Dhlakama, do Presidente da República e da comunidade internacional para o alcance deste momento histórico.