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Ângela Leão diz que não tem nenhuma relação com a Privinvest

Foto: O País

A sessão desta quinta-feira do julgamento do “caso dívidas ocultas” começou com a audição à ré Ângela Leão, esposa do antigo director-geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), Gregório Leão. No tribunal montado na Cadeia de Máxima Segurança da Machava, na província de Maputo, Ângela Leão disse que não tem nenhuma relação com a empresa Privinvest e que não faz parte do grupo de pessoas que contraiu dívidas não declaradas.

À pergunta colocada pelo Juiz Efigénio Baptista, quanto à sua relação com a Privinvest, Ângela Leão respondeu directamente, dizendo que não tem nenhuma relação com aquela empresa muito invocada no julgamento do “caso dívidas ocultas”. Segundo disse a ré, o nome Privinvest começou a ver na imprensa. Dito isso, o Juiz perguntou como se explica que, a 12 de Maio de 2014, tenha enviado um e-mail a Fabião Mabunda, pedindo-lhe que confirmasse a recepção de 1700 000 dólares da Privinvest, na véspera do valor ser depositado na conta daquele réu, considerando que, naquela altura, não sabia da empresa. À questão, Ângela Leão respondeu com outra pergunta, ao procurar saber de onde o e-mail foi extraído. Depois de o Juiz explicar, Ângela Leão questionou a veracidade do e-mail em causa. A seguir, rematou que ela não enviou o e-mail referido no tribunal ao réu Fabião Mabunda.

Ângela Leão afirmou que não participou no projecto de protecção da costa moçambicana e, quando o Juiz lhe perguntou se conhecia Teófilo Nhangumele e Cipriano Mutota, respondeu que já esteve com os dois num encontro, no qual lhe foi dado um envelope para entregar ao marido, Gregório Leão. Quando o antigo director-geral do SISE recebeu a encomenda, disse, segundo a ré, que viu o teor e que ela não devia envolver-se no assunto.

A essa altura, a ré reclamou, dizendo ao tribunal que precisava de responder sobre questões relacionadas às dívidas não declaradas, matéria dela estar a ser interrogada, porque desde que foi presa nunca lhe colocaram perguntas sobre o assunto. “Apenas querem saber das minhas casas e do meu esposo. Eu não gostaria de falar sobre pormenores da minha vida privada”, afirmou Ângela Leão.

Ao posicionamento da ré, o Juiz Efigénio Baptista esclareceu que as perguntas sobre as casas de Ângela Leão fazem parte do julgamento sobre as dívidas não declaradas, porque o que o tribunal pretende saber é se o dinheiro por ela usado para adquirir os imóveis foi ou não das dívidas ocultas em questão.

Prosseguindo com o interrogatório, o Juiz procurou saber qual era a relação que Ângela Leão tem com Fabião Mabunda, ao que a ré respondeu dizendo que tem uma relação profissional. Fabião Mabunda foi contratado pela ré para construir e gerir as suas obras, embora se tenha recusado a mencionar as obras construídas pela empresa do réu, M-Construções, por entender que se trata de uma informação privada.

O Juiz Efigénio Baptista quis, igualmente, saber qual era a relação de Ângela Leão e Sidónio Sitoe. Novamente, a ré respondeu que com ele tem uma relação de trabalho. De seguida, pediu desculpas à família de Sidónio Sitoe, dizendo que “ele está preso só porque me vendeu imóveis, mas ele é inocente”.

Ainda no interrogatório do Juiz Efigénio Baptista, Ângela Leão respondeu que não conhece Bruno Langa e Armando Ndambi Guebuza e que só sabe que esse último réu é filho do antigo Presidente da República, Armando Guebuza. Por fim, rematou: “Eu não faço parte dessas pessoas que contraíram dívidas não declaradas”.

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