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Anabela Adrianopoulos encatada com Avó Dezanove de João Ribeiro

Apresentadora de televisão representa o papel de Avó Dezanove na nova longa-metragem do realizador moçambicano. O filme é adaptado do livro de Ondjaki

No backstage do novo filme de João Ribeiro, ainda no processo de produção, O País encontrou uma actriz que não contracenava há mais de 10 anos. A sua última aventura foi na telenovela da TVI, rodada em Moçambique, A joia de África. Com efeito, eis que este ano João Ribeiro resolve convidá-la para assumir um papel importante em Avó Dezanove e o segredo do soviético. Chama-se Anabela Adrianopoulos, apresentadora de televisão que, agora, confessa já há muito ter sentido vontade de voltar às gravações porque, justifica, “representar é uma coisa que fiz quando criança e adolescente, no Txova Xitaduma”. Por essa razão, a actriz confessa que adorou o convite de fazer parte do filme de Ribeiro, mesmo porque é apreciadora da escrita do escritor angolano Ondjaki.

Tendo-se apercebido que a segunda longa-metragem do realizador moçambicano é uma adaptação do livro com o mesmo título de Ondjaki, Anabela, que já tinha lido a obra, foi lá fazer o casting, todavia sem muita esperança em ficar com o papel principal. Após ter sido apurada e atribuída um dos papéis principais, Avó Dezanove, esse é o seu personagem, ficou com uma sensação de não querer fazer mais nada. E além disso, “foi bom reencontrar Ana Magaia, que é uma grande referência nossa nesta área, e o Filimone Meigos, um actor completamente desviado para academia. E ser dirigida por João Ribeiro, contracenar com actores como Dimitry Bogomolov e Flávio Bouraqui, que mais posso querer?”.  

Segundo entende Anabela Adrianopoulos, Avó Dezanove e o segredo do soviético é um filme com um humanismo que fascina, e, por via do personagem que representa, viajou pelo tempo: “o meu personagem devolveu-me aos anos 80, uma época de muito idealismo. Foi maravilhoso fazer um flashback do que vivemos naquela altura e o que as relações humanas provocaram. O regresso ao passado causado pelo filme faz-nos ter a vontade de resgatar os valores que deixamos para trás. Este filme mexeu comigo como pessoa, por causa desse regresso a um passado de grandes sonhos”.

Um dos momentos que marcou Anabela durante a gravação do filme aconteceu logo na primeira cena, rodada no cemitério encerrado, nas esquinas entre Eduardo Mondlane e Karl Marx. “Ali fiquei tocada. É um local histórico e temos ali gente grande das artes e letras moçambicanas enterradas. Aquele abandono é chocante. Acho que, às vezes, nós, os moçambicanos, não sabemos o que temos em mãos”, finalizou, adiando as lágrimas que poderiam jorrar.

 

 

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