Celebrou-se hoje o Dia Internacional de Conscientização sobre o Albinismo. Na Cidade de Maputo, os albinos queixam-se de estigma, discriminação e pedem mais inclusão da classe e protecção dos seus direitos.
Nasceram com ausência total ou parcial da melanina. A pele, os cabelos, os olhos, os cílios e os pelos de outras partes mais claras são características de pessoas que nasceram com problemas de ausência total ou parcial da melanina, os albinos, que, pela sua condição, devem redobrar os cuidados com a pela e com a alimentação.
“Devemos estar sempre de óculos de sol, ao nos fazermos à rua, ou chapéu como forma de nos protegermos. Devemos também usar, sempre que possível, roupas compridas para proteger a pele”, explicou Odárcio Mbulo.
Ademais, as pessoas albinas, desde cedo, tiveram que aprender a lidar com o preconceito, segundo contou Belinda Mbembele.
“Na minha sala, quando frequentava o ensino primário, não tinha amigos, eu sentava sempre isolada num canto da sala. A minha professora não corrigia o meu caderno e algumas encarregadas de educação, quando me vissem, elas cuspiam nas suas barrigas. Diante disso, eu sempre me questionava: ‘será que eu não sou pessoa?’”, contou Mbembele.
Para Anastácia Azarias, o albinismo foi sinónimo de rejeição em sua vida, até de seus próprios familiares, pois “a minha mãe não me amamentou e eu tive que ir viver com a minha avó”.
Da sua infância, os albinos não carregam boas lembranças, senão apelidos recebidos por falta de pigmentação.
“Éramos tidos como a maldição na família, diziam que nós que não morremos, apenas desaparecemos, logo após surgiram os raptos e nós éramos tidos como bolada”, contou Odárcio Mbule.
O medo sempre foi característico na vida de mais de 30 mil albinos no país, devido aos sequestros, perseguições e extracção de órgãos humanos.
O Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos está a par destas preocupações.
“A discriminação é uma das formas de violação de direitos humanos, os raptos e a extracção de órgãos humanos também nos preocupam e a nossa luta é conseguir estancar o nível crescente de crimes contra as pessoas albinas”, disse Ângelo Paunde, director Nacional dos Direitos Humanos.
Até 2021, tinham sido instaurados 55 processos-crime, num total de 58 casos de desaparecimento de pessoas albinas em circunstâncias até agora desconhecidas.
Com vista a reflectir sobre a situação das pessoas com albinismo no país, o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos reuniu-se, ontem, com a sociedade civil e parceiros.
A cada 13 de Junho, celebra-se o Dia Internacional de Conscientização sobre o Albinismo e, este ano, assinala-se sob o lema “Inclusão é Força”.
MÚSICO E ACTIVISTA SOCIAL ALY FAQUE FALA DO DRAMA QUE PASSOU NA FAMÍLIA
A rejeição e perseguição de pessoas portadoras de albinismo é uma prática antiga, associada a preconceitos e mitos bastante enraizados nas comunidades. No Dia Internacional de Conscientização sobre o Albinismo, o músico e activista social Aly Faque falou do drama que passou na família e que fez questão de registar em músicas bastante conhecidas. “Kinachukuro fala da rejeição do meu pai e de eu ter sido abandonado ainda bebé. Agradeço a Deus por me ter amparado e devolvido aos braços da minha mãe”, afirmou o músico.
No entanto, o pai que o abandonou teve, depois de abandonar Aly Faque, duas filhas gémeas albinas. No entanto, por ter sido abandonado pelo pai, até então, o artista nunca teve a oportunidade de conhecer as suas duas irmãs.
De viva voz, a Associação Amor à Vida, na cidade de Nampula, aproveitou para agradecer aos que se identificam com a causa dos albinos. “As pessoas que sofrem de albinismo têm dificuldades de vista. Os óculos que eu uso são a demonstração do apoio presente de um parceiro”, afirmou Benardina António, da Associação Amor à Vida.
O dermatologista Rafael Perez lembra os cuidados que os portadores de albinismo devem ter no seu dia-a-dia. “A única coisa de que o portador de albinismo preciso é um constante protector solar, e utilizando sempre mangas cumpridas das roupas. Fora isso, os portadores de albinismo são pessoas que podem ter uma vida normal e qualquer trabalho sem dificuldade”, lembrou Rafael Perez Hidalgo, dermatologista,