Famílias afectadas por inundações em Guachene pedem mais tempo no centro de acolhimento. A razão é que as condições de higiene e saneamento trazidas por inundações oferecem graves riscos à saúde.
Estrada bloqueada, ruas precárias, casas abandonadas e algumas praticamente inacessíveis, são consequências que ainda estão relutantes em desaparecer semanas depois da chuva que assolou o país, sobretudo as províncias do sul.
Em Maputo, no distrito municipal Katembe, os estragos continuam visíveis e algumas vítimas, sobretudo as dos quarteirões 1, 3, 4 e 7, logo debaixo da ponte Maputo-Katembe, preferem mais tempo no centro de acolhimento de Guachene, uma vez que é iminente o risco de contrair doenças hídricas.
Nilza Jorge, que está no centro acompanhada de seus três filhos e marido, reclamou que ainda não é possível a habitabilidade na sua casa porque ainda resta muito matope carregado de maus-cheiros. “As nossas casas de banho são de construção precária e estão muito cheias d’água. Pedimos para ficar um pouco mais de tempo para a situação melhorar. Para nós seria melhor que ficássemos pelo menos mais duas semanas visto que já faz sol. Assim que quiserem nos expulsar, o que faremos com estas crianças?”, questionou.
Quem também carrega o mesmo clamor é Laurinda Zimila, que também está com a família no centro, embora reconheça que as casas estão inabitáveis, admite não ter escolha caso a decisão de regressar a casa seja tomada. “A minha casa ainda tem muita água mas se quiserem que volte, eu volto. Eu, como todas as pessoas no centro, temo porque é água suja. Se fosse água normal até suportava, mas são águas das nossas precárias casas de banho que se misturam e nossas latrinas ficaram cheias ao que toda água veio acima, não é seguro voltar” reclamou.
Apesar dos acolhidos estarem a escassos metros de suas casas, reclamam também que os dois lugares, no caso, o centro e suas casas, não há água potável para consumo assim como não há espaço para banho. Nilza Jorge, denunciou que o centro não tem torneiras ao procurar alguns espaços nas proximidades para lavar os filhos que frequentam a escola. “Aqui, lavamos as nossas crianças na rua, dizem que temos de procurar água porque não temos torneiras e a água dos dois tanques acaba rápido por ser insuficiente para todos nós. Assim que nos expulsam, onde vamos tomar banho se em casa também está cheio de matope e não temos água?, reflectiu.
O Instituto Nacional de Gestão de Desastres, através da Coordenadora ao nível do bairro Guachene esclareceu que não é da sua vontade que as pessoas voltem para locais inseguros. “Temos uma equipa que se faz ao terreno recorrentemente para fazer avaliação das condições e só voltam aqueles cujas residências já não tem água e não matope”, esclareceu.
A secretária do bairro Marta da Cruz, mostrou-se satisfeita com os trabalhos no centro de acolhimento que agora tem 167 pessoas e considerou que estão a bom ritmo, entretanto, precisa encerrar visto que sobrevivem apenas de apoios.
Secretária do Bairro
O problema das inundações é tão grave que os moradores pedem reassentamentos e recordam que já foram prometidos.
on – Adélia – Moradora de Guachene
Os quarteirões: um, sete, três e quatro que se encontram debaixo da ponte Maputo-Katembe foram os mais afectados no bairro Guachene.