A Renamo acusa a Frelimo de mais do que adiar a realização das eleições distritais em 2024, mas sim de estar a negar a sua realização e de estar a criar um retrocesso no processo de descentralização do país.
As palavras são do porta-voz do partido, José Manteigas, para quem a revisão da Constituição da República significa um desrespeito à lei mãe, ao mais alto nível, uma vez que, conforme disse, “este linchamento constitucional foi provocado e criado pelo próprio Presidente da República”.
“As eleições distritais seriam um corolário do processo de descentralização, que iniciou em 1998, mas a necessidade de realizar as eleições distritais é um imperativo constitucional, portanto houve um acordo político, ficou consagrado na Constituição da República, daí que é repugnante que uma bancada de forma unilateral, simplesmente, rasgue a Constituição e rasgue um acordo político”, referiu Manteigas.
Segundo o porta-voz do partido, o Estado de Direito Democrático está a ser colocado em causa e isso pode gerar consequências graves, pois abre espaço para conflitos e intolerância política, principalmente numa altura em que se avizinha o processo eleitoral.
Com isso, Manteigas já antevê possíveis conflitos durante ou após as eleições, o que descreve como algo grave e que não é intenção do seu partido entrar por estas vias.
“Sempre que a Renamo foi provocada, apenas se defendeu, nunca foi interesse da Renamo provocar conflitos e sempre foi a Renamo que tomou as decisões de ir à mesa das negociações. Nós, como partido, queremos preservar este povo, para que todos possamos crescer”, clarificou.
O partido diz que vai usar todos os meios legais e de persuasão e vai mobilizar a população para repudiar e a reivindicar o acto.
O adiamento das eleições foi aprovado na última quinta-feira, apenas pela bancada da Frelimo, com 178 votos, contra os 44 da Renamo e cinco do MDM.