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ACNUR apela aos líderes mundiais para que não se esqueçam dos deslocados

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) pediu aos líderes mundiais, na cimeira sobre o clima, que decorre no Egipto, para que não deixem os deslocados no mundo, devido a conflitos, enfrentarem sozinhos as consequências das mudanças climáticas.

O alto-comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, desafiou os líderes mundiais a reduzirem as “consequências humanitárias mais devastadoras da crise climática” e evitarem um “futuro catastrófico para milhões de pessoas deslocadas”.

“Não podemos deixar que milhões de deslocados (…) enfrentem sozinhos as consequências de uma mudança climática”, afirmou o responsável das Nações Unidas que destacou que a 27ª sessão da Conferência sobre Mudanças Climáticas decorre “num cenário de catástrofes climáticas, desde inundações históricas no Paquistão até à pior seca, em décadas, no Corno da África”.

Na Somália, quase um milhão de pessoas foram deslocadas pela seca e pela ameaça da fome. Ciclones devastadores em Moçambique afectaram dezenas de milhares de pessoas anteriormente deslocadas pela violência, enquanto o Sudão do Sul e o Sudão lutam contra inundações recordes pelo quarto ano consecutivo.

“Mais de 3,4 milhões de pessoas deslocadas e as comunidades de acolhimento enfrentam consequências das recentes inundações destrutivas na Nigéria, Chade, Camarões e nos países do Sahel Central Níger, Burkina Faso e Mali – uma região que já vive uma das piores crises de deslocamento do mundo”, explicou Filippo Grandi, em comunicado enviado ao “O País”.

No extremo Norte de Camarões, a violência intercomunitária irrompeu entre pastores, pescadores e agricultores por causa da diminuição dos recursos hídricos quando o Lago Chade e seus afluentes ficaram secos.

Além desse conflito, mais de 100 pessoas foram mortas ou feridas no final do ano passado, e dezenas de milhares fugiram de suas casas. “A seca no “Corredor Seco” da América Central forçou os agricultores a fugirem para cidades próximas, onde são vulneráveis à violência de “gangues” de rua. E noutras partes da região, como Honduras, a mudança climática é mais um factor que desencadeia o deslocamento à medida que os furacões se tornam cada vez mais poderosos e frequentes”.

Mais de 70% dos refugiados e deslocados do mundo vêm dos países mais vulneráveis ao clima, incluindo Afeganistão, República Democrática do Congo, Síria e Iémen. “Eles têm uma enorme participação nas discussões sobre a crise climática, mas são frequentemente excluídos”, afirmou Grandi.

De acordo com o responsável das Nações Unidas, somente as acções ousadas e um aumento maciço no financiamento para mitigação e adaptação climática podem aliviar as consequências humanitárias actuais e futuras da crise climática sobre as populações deslocadas e as comunidades de acolhimento.

“Os investimentos devem ser colaborativos, inclusivos e buscar soluções para os mais vulneráveis. Os líderes mundiais devem buscar acções transformadoras, duradouras e integradas que envolvam comunidades locais, governos e parceiros que já lutam contra eventos climáticos extremos”, disse Grandi.

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