Pelo menos 28 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas, das quais 11 estão em estado grave, devido a um acidente de viação, ocorrido na noite deste sábado, no distrito da Manhiça, província de Maputo.
A tragédia, envolvendo um total de 57 pessoas, deu-se na Estrada Nacional Número 1 (EN1), na zona de Tavira, posto administrativo de Maluana, por volta das 20 horas.
Segundo testemunhas e a Polícia da República de Moçambique (PRM), o acidente envolveu dois autocarros pesados, sendo um de passageiros, da Transportadora Nhacale, que fazia o trajecto Beira-Maputo, e outro de transporte de carga.
Dados preliminares avançados pelas autoridades do distrito da Manhiça indicam que o condutor da Transportadora Nhacale – que sobreviveu – ensaiou uma ultrapassagem irregular – conta-se que à alta velocidade – numa altura em que, na faixa em que se dirigia, circulava um camião carregando areia.
No instante, o condutor de outro camião, que fazia o sentido contrário, tentou evitar a colisão, mas já era tarde demais, pois o motorista da Transportadora Nhacale se viu encurralado entre duas viaturas pesadas. Na tentativa de esquivar uma delas, continuou o trajecto em ziguezague. Sem controlo do volante e dos freios, cambaleou e capotou no meio da estrada. Como consequência, trinta e uma pessoas morreram no local e o asfalto, diga-se, inundado de sangue.
Na sequência desta ocorrência, esta manhã, o comandante-geral da Polícia, Bernardino Rafael, deslocou-se ao local do sinistro, acompanhado pelo governador da província de Maputo, Júlio José Parruque, onde procuram inteirar-se do que sucedeu.
Bernardino Rafael lamentou a perda de tantas vidas e disse que é preciso considerar o banimento da transportadora Nhacale, caso essa figura jurídica exista. “Estamos aqui com lágrimas no canto do olho por causa da irresponsabilidade de um motorista. Isto não deve continuar. Se a transportadora não está a ajudar as famílias moçambicanas, deve deixar de existir. Continuamos a espera do resultado dos nossos peritos. Mas preliminarmente o execesso de velocidade, a falta de observância das regras básicas de trânsito e ultrapassagem irregular estiveram na origem deste acidente”, disse.
SOBREVIVENTES RELATAM O DRAMA VIVIDO
Um dos feridos ligeiros foi Domingos Ventura que contou ao “O País” os detalhes do acidente. “Por volta das 18 horas, entrámos na Manhiça. O motorista não conseguiu controlar a velocidade e tinha um basculante vermelho estacionado. A visibilidade do transporte em que estávamos não era boa e, quando o motorista se apercebeu disso, tentou esquivar e acabou por embater num outro camião. O nosso autocarro vinha à velocidade, porque o motorista queria ganhar tempo. Vi pessoas a gritarem por socorro. Não tivemos ajuda imediata. Por isso a maioria das pessoas perdeu a vida no local. Levamos 30 minutos para ter ajuda. Da Beira até Inchope ele conduziu bem. Eu fui a primeira pessoa a conseguir pular do carro. Do resto não me lembro”, relatou.
Quem também está no hospital é o familiar de Domingos Ventura. “Nós somos da cidade de Maputo e tivemos a informação de madrugada, mas já não dava tempo de sair de lá para cá, por isso viemos esta manhã. Felizmente, o hospital está a tomar conta. O pé e a coluna é que sofreram mais. Foi muito desesperador quando tomámos conhecimento do que acontecera”, lamentou o familiar de um sobrevivente, Manuel Maurício.
O ministro dos Transportes e Comunicações, Janfar Abdulai, e a secretária de Estado da Província de Maputo, Vitória Diogo, também estão em Manhiça a visitar os sobreviventes e a acompanhar o trabalho em curso para apurar as causas do acidente.