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Abreu João: “Não se pode pôr em causa sentido de Estado pelo facto de a SED não gostar da FMB”

Foto: FIBA

O delegado técnico da Federação Internacional de Basquetebol, Abreu João, diz que o facto de a Secretaria de Estado de Desporto (SED) não gostar do actual elenco da Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB) não pode ser motivo para pôr em causa o sentido de Estado. Abreu João diz ainda que as selecções de Moçambique são uma questão de Estado.

Único árbitro moçambicano a apitar os Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, na Grécia, e 2008, em Pequim, na China, para além de um Mundial de Basquetebol no Japão, em 2006, Abreu João ficou sensibilizado com a expulsão da selecção sénior masculina da modalidade de um hotel em Bulawayo, Zimbabwe, por falta de pagamento de taxas de participação na prova regional de acesso ao AfroCan 2023.

Num verdadeiro martírio, os jogadores ficaram ao “relento” das 10h00 às 21h00, num dia de chuva e frio no vizinho Zimbabwe. Foi precisa a intervenção do Governo local, através de figuras ligadas ao desporto, FIBA-África ao nível da região, Comité Organizador e de Abreu João, que disponibilizou um valor de 13 mil dólares, equivalente a 780 000,00 Meticais, quando convertidos ao câmbio do dia.

O delegado da FIBA critica a gestão da Secretaria de Estado de Desporto (SED), que, neste caso, deixou a nu a desorganização e as fragilidades que norteiam as selecções nacionais que participam em competições internacionais. “Os moçambicanos, no geral, e os miúdos, em particular, não merecem o desrespeito pelas selecções nacionais sempre que têm que representar o país! O facto de a SED não gostar do elenco da FMB não devia ser motivo para pôr em causa o sentido de Estado. As selecções de Moçambique são uma questão de Estado. Devia-se extravasar os conflitos  pessoais. Não venham com filmes. Levem o país para Angola e para Kigali. Esta é responsabilidade da SED e não da FMB”, escreveu Abreu João, numa mensagem que pulverizou as redes sociais.

O custeamento de despesas das selecções nacionais em competições internacionais mereceu também um reparo por parte do antigo árbitro que dirigiu várias finais de campeonatos africanos de seniores masculinos e femininos. É que, no entender de Abreu, cabe aos governos assumirem maior bolo das despesas de representação das selecções nacionais quando se deslocam ao estrangeiro.

“Em qualquer país no mundo, o Governo custeia pelo menos 75% do orçamento da selecção e deixa 25% para as federações fecharem. Mesmo nos EUA, Alemanha, Espanha e quanto mais em países pobres? Estão à espera que as federações vão buscar no sector privado os 75%? Sector privado que nem existe? Todos batem as mesmas portas: CDM, HCB, CFM, EDM, LAM, Mozal, etc. Até a própria SED bate portas lá. O que é isso?”, indagou.

O AfroCan realiza-se entre os dias 8 e 16 de Julho, em Angola. Moçambique vai procurar garantir a disputa à prova pela primeira vez na sua história, depois de ter desistido em 2019, por alegada falta de fundos.

Ainda que tenha procurado manter em segredo o facto de ter pago os USD 13 mil, Abreu foi depois confrontado com a situação. E não deixou de agradecer a todos pelas mensagens de agradecimento. “Em todo caso, agradeço a todos pelas mensagens. Fiz para o país que me viu nascer.”

PAULO MADEIRA, PRESIDENTE DA ZONA VI: “ESTABELECEMOS PONTES DE NEGOCIAÇÃO PARA MINIMIZAR IMPACTO ADMINISTRATIVO”

O presidente da FIBA-África, ao nível da Zona VI, Paulo Madeira, diz que a Federação Moçambicana de Basquetebol enfrentou muitas dificuldades para pagar as taxas ao Comité Organizador da fase de qualificação da zona VI para o AfroCAN 2023.

“Aconteceu, sim, um pequeno incidente com Moçambique relacionado às dificuldades em pagar alguns custos que eram devidos ao Comité Organizador local, liderado pela Federação Zimbabweana de Basquetebol”, esclareceu o homem que cumpre um mandato de quatro anos desde a sua eleição em 2019.

Face à situação, o órgão reitor da modalidade da bola de cesto na zona VI teve que intervir de modo a encontrar uma solução que não prejudicasse a selecção nacional de basquetebol sénior masculino.

“A nossa acção, enquanto representantes da FIBA e pessoas do basquetebol, foi no sentido de estabelecer pontes de comunicação, negociação entre a Federação Moçambicana de Basquetebol na presença dos seus representantes, os vice-presidentes com a congénere zimbabweana, no sentido de encontrarmos soluções que minimizassem o impacto administrativo e financeiro.”

O angolano garantiu, em exclusivo ao “O País”, que tudo já está ultrapassado. “A situação foi, felizmente, ultrapassada e resolvida”.

Paulo Madeira foi eleito presidente da Zona VI da FIBA África para o quadriénio 2019–2023, durante o conclave do órgão que rege os destinos do basquetebol no continente, realizado na capital maliana, Bamako.

Paulo Madeira, ex-presidente da Federação Angolana (FAB), rende no cargo o moçambicano Aníbal Aurélio Manave, eleito para a presidência da FIBA África, em substituição do maliano Hamane Niang que dirige, agora, a FIBA Mundo.

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