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A dialética do empreendedor em “Maputo terror dos preguiçosos, paraíso dos hustlers”

Queixam se muitos de pouco dinheiro, outros de pouca fortuna,
alguns de pouca memória, e nenhum de pouco juizo

Marques de Marica

 

Empreendedorismo e empregabilidade são, sem dúvida, temas bastante actuais na sociedade moçambicana, com muitos jovens enfrentando desafios no mercado de emprego e empresarial. Hélio Agostinho Mate é um jovem empreendedor especialista em Marketing digital e desenvolvimento Web, que escreveu o livro que tem como titulo “Maputo, o terror dos preguiçosos, o paraíso dos hustlers”, lançado em Agosto de 2024.

O trecho do título do livro “Maputo, o terror dos preguiçosos” possui uma dualidade de interpretações: A ideia de que em Maputo quem for preguiçoso viverá um terror, ou dificuldades para crescer e prosperar, o que é real e motiva os jovens para acção.

Por outro lado, existe uma visão antagónica que também é real. Em Maputo existem cidadãos que despertam ao alvorecer diário, e vão trabalhar. Alguns são operários, funcionários privados, etc., que não são preguiçosos, mas enfrentam terrores como salários atrasados, descontos injustos, terror do transporte, ou seja, existem outros factores que condicionam o crescimento económico do cidadão trabalhador fora a preguiça.

No trecho, “O paraiso dos hustlers”, a pergunta-chave seria: O que é um hustler? A palavra “hustler” é usada desde o título do livro até às últimas páginas do mesmo, porém, o autor não apresentou o seu conceito de hustler, que facilitaria o enquadramento do leitor.

Hustler é uma palavra inglesa, que possui significados distintos. Pode significar um vendedor massivo, pode significar alguém que faz negócios ilícitos. Por outro lado, também pode significar prostituta.
Dentro do contexto e música Hip Hop, hustler tem outro significado: Alguém que trabalha duro para obter dinheiro ou ser bem sucedido.

Julgando por ser o livro sobre empreendedorismo, o autor adopta o último conceito quando diz hustler. A dedicatória do livro é pertinente, uma vez que o autor o dedica a obra a todo jovem com fome de vencer, quer dizer que a juventude é o seu grupo alvo.

O autor emprega uma linguagem simples e próxima a dos jovens, para melhor aproximar as suas ideias à classe, daí a existência de termos como hustler, nhonga, nhonguista, termos do quotidiano juvenil.
Hélio Mate foi assertivo, ao citar que a maior guerra do mundo ocorre na nossa mente, pois é um campo autêntico de batalhas, entre a razão e emoção, o bem e o mal, daí atenta para a necessidade de se nutrir os pensamentos com fé e determinação para posteriormente agir positivamente.

Segundo (Martins, 2017), um pensamento gera uma emoção, uma emoção gera uma acção ou estagnação, para dizer que pensamento bom, origina acções boas e vice-versa.

O autor possui um subtítulo: “A ovelha negra da família”, no qual aborda uma realidade comum nos jovens desempregados: A falta de apoio, o desânimo, descrença em relação às suas ideias, o facto de serem ignorados e menosprezados por todos. Neste trecho, Mate cria empatia com os jovens e alerta-os para usarem isso como motor, de modo a concentrarem-se nos seus objectivos, eliminando distracções e as famosas más companhias.

Mate propõe-nos cinco soluções para mudança de paradigma rumo a uma mentalidade de sucesso: a autoconfiança, a quebra do medo de errar em público, não se importar com o que as pessoas falam, fazer o que tem que ser feito na hora que tem de ser feito e saber atrair o que deseja.

Mate detalha a importância de cada um destes elementos, que figuram no livro como um convite à redifinição da personalidade, à adopção de novas crenças e hábitos, com uma dose repleta de motivação à mistura, para que os hustlers (lutadores) não desistam.

Uma frase bastante cirúrgica, que pode resumir a mensagem do livro, é: Nada se pode negar ao Homem que tem fome de vencer. Esta é uma frase poderosa, que pode acender o nosso desejo e atitude para alcançar algo que parece impossível.

Hélio Mate investe no discurso de auto responsabilização, e auto conhecimento como um caminho que cada jovem deve percorrer para segurar as rédeas do próprio destino. Neste livro, o autor propõe elementos como foco nos objectivos, próposito, disciplina, sacrificio pessoal como virtudes para se tornar um hustler (bem sucedido).

O livro é introspectivo, conciliando o diálogo intelectual interno com desafios externos abordados pelo autor na pessoa do jovem nhonguista, do empreendedor iniciante ou trabalhador.

O livro serve como uma bussola capaz de iluminar na tomada de decisões empresariais e profissionais, possui também uma perspectiva didáctico-filosófica, capaz de dotar o jovem de novas aptidões, pensamentos, emoções e atitudes transformadoras no mundo do empreendedorismo.

O livro apresenta um número considerável de erros ortográficos e de semântica que carecem de melhoria. É importante clarificar neste tipo de abordagens que o perfil empreendedor não cabe a todo o jovem, outros podem ser bem sucedidos como técnicos, gestores e etc..

Ler este livro é uma experiência oportuna, que vale a pena.

Hélio Agostinho Mate é fundador da Mattilo, uma agência de marketing digital e fornecimento de material de visibilidade. Nasceu aos 26 de Abril de 1992, no Bairro Polana Caniço, em Maputo.

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