Corre o mundo a polémica pontuação de Luca Modrick como melhor futebolista do Mundo, deixando para trás os sonantes nomes de Messi e Ronaldo. Os métodos e bases usados foram muito questionados, aventando-se hipóteses de corrupção com compras a jornalistas de premeio.
O assunto da premiação, nem sempre é levado tão a sério como merece. É preciso equacionar com mais rigor os efeitos e o poder que os prémios podem exercer, muitas vezes contrários aos pretendidos.
E se lá fora existem fragilidades como a que referimos, imagine-se internamente.
Cada um dá o que pode mas…
Uma empresa ou um empresário em nome pessoal, decide oferecer um prémio à Liga de Futebol, destinado ao melhor jogador. Foi o que aconteceu no caso da viatura oferecida a Telinho, como estrela do ano do Moçambola. A partir daí, vem a azáfama para definir critérios de atribuição, nem sempre muito claros, neste caso com base nos votos dos jornalistas desportivos (quais?) e na votação popular em percentagens muito discutíveis.
A partir desses pressupostos, o espaço de manipulação é imenso. E quando se vai atribuir um automóvel apetecível ao líder, não se prevendo nem uma mota ou bicicleta para o segundo e terceiro posicionados, que efeitos globais se podem atingir?
O prémio “top” vale 4 milhões de meticais e os acompanhantes ficam a “chuchar no dedo”. Desta forma, está-se a tentar criar um factor motivador, que poderá ter efeitos contrários.
Indivíduo acima do colectivo?
O futebol é um desporto em que os grandes triunfos pertencem ao colectivo. No caso em apreço, pode-se estabelecer uma comparação que reforça a necessidade de uma ponderação mais global.
Como entender que numa mesma modalidade e temporada, um jogador ganhe um prémio individual de 4 milhões e uma turma – neste caso o Costa do Sol, vencedor da Taça – após eliminar vários adversários na segunda mais prestigiada competição, tenha recebido na final a módica quantia de 500 contos! Se é que os “canarinhos” decidiram dividir o valor, digamos por 16 jogadores, mais treinador e dirigentes, num total de 20 pessoas, o prémio ficou em… 25 mil meticais, cerca de 160 vezes menos!
Pesos e medidas totalmente diferentes e divergentes, sob a alçada, da mesma entidade: a Federação de Futebol.
A falar é que nos entendemos
Que fique claro que não defendemos a recusa, ou a extinção dos prémios, algo que até deve ser estimulado. Porém, o rigôr, a seriedade e a transparência, são de importância vital. Este não é um assunto que, a cada temporada, pode ou deve estar apenas à mercê do que vier, como se de um Totobola se tratasse. O que está em causa é o aumento da motivação dos artistas e o seu empenho. Falando, ponderando e equacionando com os patrocinadores que de boa vontade querem colaborar, facilmente se chegarão a pontos de equilíbrio, de forma a não alegrar uns, frustrado os outros.
Há, portanto, que reduzir a margem de erro ao máximo, de tal sorte que vencidos e vencedores se sintam felizes, de forma a partirem para novas batalhas com a motivação em alta.