Moradores do bairro Muntanhana, no distrito de Marracuene, exigem o encerramento de uma fábrica de reciclagem de saco plástico. Segundo contam, a empresa está a poluir o meio ambiente e a contaminar o rio.
Há um braço de ferro no bairro Muntanhana, no distrito de Marracuene, na província de Maputo. Há cerca de nove meses, uma empresa chinesa, recicladora de saco plástico, instalou-se naquela zona residencial, mas a promessa era a construção de uma empresa de venda de colchões, pelo que os moradores dizem que foram enganados.
“Com o problema que temos aqui na zona, não sabemos para onde ir. Pedimos às autoridades que nos ajudem. A empresa até pode existir, mas a população também tem que viver”, apelou Amélia Mavilane, nativa daquele bairro.
Com o surgimento da fábrica, os moradores queixam-se de fumaça, mau cheiro e de doenças que derivam do processo de reciclagem do saco plástico.
“Sofremos com moscas e mau cheiro o dia todo, e isso degrada o meio ambiente. A população começou há muito tempo a reclamar deste problema, mas nada muda. Pedimos que nos socorram”, queixou-se João Isac.
Por outro lado, há águas negras concentradas, que poluem o rio, facto que também preocupa os moradores, pois têm na actividade pesqueira a sua fonte de sobrevivência, segundo contou Dálio Isac: “A população daqui sobrevive através do rio; todo o peixe tiramos daqui e, com este lixo, temos passado muito mal”.
À noite, as máquinas roncam e tiram o sono dos residentes do bairro.
Sobre o problema, o “O País” tentou, sem sucesso, falar com o responsável da empresa, que, no momento, não se encontrava no local.
As reclamações já são conhecidas pela administração do distrito. “Em Marracuene, a fábrica não está ilegal. [Mas] é verdade que deve corrigir certos aspectos que foram identificados pelos serviços de saúde, para o melhor funcionamento”, explicou Nércia Mambo, chefe do Posto Administrativo de Marracuene Sede.
Agastados com a situação, os moradores de Muntanhana apresentaram a reclamação à Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), que ainda não se fez ao local.
Por trás da demora em responder à preocupação está a falta de recursos: “Nós procuramos intervir de imediato, mas, neste momento, não estamos a conseguir fazer isso devido aos recursos, que são escassos”, justificou João David, delegado da INAE, na Província de Maputo.
Entretanto, a administração do distrito de Marracuene garantiu que estabeleceu um prazo de três meses para que a fábrica resolva os problemas ambientais.
“Havendo realmente problemas sérios, não nos custava nada encerrar. Mas demos este prazo para ver se as situações são corrigidas, para que a população continue a trabalhar e haja entendimento entre as partes”, explicou Nércia Mambo.
Há cerca de um ano, a fábrica operava no bairro Zimpeto e foi encerrada pela INAE por causar poluição ambiental e afectar o solo.