Os administradores dos distritos de Marracuene, Namaacha, Magude, Chókwè e Mabote defendem que a aposta no desenvolvimento das tecnologias avançadas, o aprovisionamento de sementes aperfeiçoadas aos agricultores e a melhoria das vias de acesso são elementos-chave para a dinamização do agro-negócio.
Falando na quarta edição da Mozgrow, integrando o terceiro painel, que tinha como tema “as dinâmicas locais do desenvolvimento do agro-negócio”, os cinco oradores venderam as potencialidades que cada distrito possui, assim como abordaram os desafios que têm. Apesar das enormes potencialidades nas suas diversas especificidades, há muitos pontos em comum.
Os cinco distritos enfrentam as mesmas dificuldades, no que diz respeito à falta das tecnologias avançadas, elemento que entendem que é fundamental para um ambiente saudável de agro-negócio. Mas as dificuldades não param por aí. Todos enfrentam, ainda, o problema da fraca disponibilidade de sementes melhoradas, assim como vias de acesso em boas condições para o escoamento dos produtos agrícolas.
O administrador de Marracuene, Shafee Sidat, diz que o distrito que dirige está a incentivar a criação de cooperativas, como forma de permitir que os agricultores tenham acesso ao apoio que o Governo distrital tem disponibilizado.
Mas ainda, a aposta no associativismo, segundo Sidat, é uma das saídas encontradas para resolver o problema de tecnologia que o sector familiar tem enfrentado, na medida em que fica difícil apoiar de forma individual a cada agricultor.
Com um enorme potencial na agricultura, sobretudo na produção de arroz e hortícolas, Marracuene tende a dar passos significativos, tendo em vista o melhoramento do agro-negócio. Para o efeito, o Governo distrital tem estado a interagir com diversos investidores que pretendam implantar as suas infra-estruturas neste ponto da Província de Maputo. Os sinais já são visíveis. Shafee Sidat garante que há condições para toda a produção dos agricultores.
“Já está em construção uma empresa que irá absorver toda a produção dos agricultores. Tudo indica que esta unidade fabril poderá entrar em funcionamento em Dezembro próximo”, garante Sidat, que também explicou que essa fábrica não só irá absorver a produção, como também irá processar e colocar no mercado nacional e internacional.
Em tempos, considerado “celeiro da Nação”, o distrito de Chókwè tenta reerguer-se para voltar a ostentar esse estatuto. A rentabilização e posterior sustentabilidade do Regadio de Chókwè, por sinal um dos maiores de África e do país, é, neste momento, uma das apostas para a revitalização do sector agrícola.
Disse ainda que, no seu distrito, os agricultores têm-se beneficiado de sementes melhoradas. Com efeito, o Instituto de Investigação Agrária tem contribuído significativamente no campo da investigação científica, através da produção de sementes melhoradas de diversas variedades. Entretanto, Eceu Muianga lamentou o facto de haver muita produção e pouca procura. Segundo disse, há muito arroz nos armazéns, desde a época agrícola passada, por falta de compradores.
O distrito de Magude é uma referência na produção pecuária. Ainda assim, a agricultura tem merecido especial atenção por parte do Governo distrital. O administrador de Magude, Lázaro Bambamba, explicou que o seu Executivo está a empreender esforços no sentido de aperfeiçoar os níveis de produção.
Nesse sentido, o Governo distrital alocou motobombas, reabilitou e construiu regadios. Esse facto reduziu a procura de hortícolas noutros pontos por parte da população de Magude.
“Por causa da nossa aposta na agricultura, reduzimos a dependência. Ou seja, agora somos autónomos”, disse Lázaro Bambamba, sublinhando que o desejo é que Magude seja um mercado de referência nas hortícolas.
O distrito de Mabote tem sido assolado ciclicamente pela seca, facto que contribui negativamente na produção. A aposta na revitalização do agro-negócio, segundo Bambamba, passa por dotar os produtores de gado bovino para a melhoria das espécies, tendo em conta que o distrito é o maior criador e fornecedor de carnes.
Localizado a Norte da província de Inhambane, Mabote tem um enorme potencial na criação de gado bovino, de cerca de 33 mil e 12 mil cabeças de gado caprino. O distrito está a apostar, ainda, na linha da castanha de caju, estando a produzir, por época, quatro a cinco mil toneladas. Para melhorar o agro-negócio, de acordo com Carlos Mussanhane, o distrito está a implementar uma iniciativa denominada “produza Mabote”. A iniciativa tem como um dos pilares o envolvimento da população, visto que ela é o maior activo nesse processo.
Sem dificuldades para o escoamento da produção, o distrito de Namaacha produz um pouco de tudo, mas, por causa do clima fresco predominante naquele ponto da Província de Maputo, tem apostado na fruticultura e nas hortícolas.
Para a administradora daquele distrito, Suzete Dança, a melhoria do agro-negócio neste ponto passa por potenciar o pequeno agricultor, trazendo mais conhecimento para o mesmo, justificando que esta camada não precisa de porções enormes de terra para produzir para auto-consumo, assim como para a comercialização.
Segundo Suzete Dança, persiste, em Namaacha, a falta de provedores de insumos agrícolas, daí que aproveitou a ocasião para convidar os investidores dessa área a implantarem lojas de referência neste distrito, facto que, na sua opinião, poderia reduzir o sofrimento dos agricultores.