Falando numa cerimónia de graduação de 57 engenheiros, em diversas especialidades, na Universidade Lúrio (UniLúrio), em Niassa, o secretário de Estado da província desafiou os graduados a colocarem em prática a massificação da produção do trigo, maçã e café.
Num momento em que o mundo se debate com a crise de escassez do trigo, devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, a Universidade Lúrio fez um estudo que concluiu que a província tem zonas com condições agro-ecológicas para a produção de trigo e outras culturas de rendimento. Discursando na graduação de estudantes formados nas áreas de Desenvolvimento Rural, Florestal e Zootécnica, Dinis Vilanculos lançou o desafio de apostarem na investigação e extensão para que possam contribuir para o desenvolvimento do país.
“Saudamos o facto de alguns resultados de pesquisas da UniLúrio mostrarem que a província de Niassa oferece condições para a produção do trigo. Aliado a isso, em Muembe, existem condições agro-ecológicas para produção das culturas de maçã e de café, pelo que a realização de pesquisas pela UniLúrio massificará a produção dessas culturas, alavancando a economia do país”, defendeu.
Aos primeiros graduados em Engenharia Zootécnica, o secretário de Estado de Niassa pediu que trabalhassem para o fortalecimento do desenvolvimento pecuário, através do aumento da produção e produtividade e melhoria de vida da população.
“Assumam com zelo e dedicação o conhecimento adquirido, sirvam como ponto de partida e chegada com visão futurista, não esperem ser empregados, lutem para empregar. Não podemos sair com olhos postos ao emprego, criem, inovem, inventem, só assim darão contribuição para a melhoria da vida da família e da província de Niassa, em particular, e do país, em geral”, desafiou.
Na ocasião, a reitora da UniLúrio, Leda Florinda Hugo, disse que a graduação termina um ciclo de formação e uma crescente consciência no seio dos graduados. Por isso, o estabelecimento de ensino superior espera que o empenho, as atitudes e o comportamento dos graduados na sociedade continuem a dignificar o bom-nome e o prestígio conquistado.
A engenheira Leda Hugo disse, ainda, que a instituição que dirige acredita que “estes desafios poderão ser mais rapidamente vencidos, com a transformação da nossa universidade num centro de produção e inovação do conhecimento em permanente interacção com os diversos sectores e comunidades, prestando, com cada vez mais qualidade, os nossos serviços”.
Na sua mensagem, os graduados agradeceram pelo empenho de toda a comunidade académica, que tudo fez para tornar numa realidade o momento celebrado com a realização da cerimónia de graduação.
“Estamos cientes de que esta celebração não só marca o final de uma grande batalha, como também o início de uma jornada cheia de desafios, pois temos consciência de que nada valerá para celebrar esta conquista se não partilharmos os conhecimentos aqui aprendidos”. Os graduados manifestaram, também, prontidão para contribuir para a eliminação daquilo que chamaram “prevalecentes assimetrias entre o meio rural e urbano”.
Os recém-engenheiros comprometeram-se, ainda, de tudo fazer para tornar mais resilientes às comunidades para combater as mudanças climáticas que, nos últimos tempos, afectam o país e o mundo, deixando grandes perdas.
LANÇADA PRIMEIRA PEDRA PARA CONSTRUÇÃO DO COMPLEXO LABORATORIAL NA FCA
A graduação foi antecedida pela cerimónia de lançamento da primeira pedra para a edificação de um complexo laboratorial da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), que contempla laboratórios de tecnologia de madeira, microbiologia, prevenção vegetal, nutrição animal, solo e fertilidade, fisiologia animal e um parque de máquinas e oficinas agrárias.
O empreendimento, cujas obras foram lançadas por Dinis Vilanculos, secretário de Estado da província de Niassa, conta com o financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), no âmbito do projecto de capacitação da UniLúrio para o apoio à agricultura e indústria, no montante de 91 milhões de Meticais.
Para a magnífica reitora da UniLúrio, o complexo laboratorial representará o aumento de capacidades para a melhoria da implementação dos programas de ensino, pesquisa e extensão, aumentando, assim, a preferência e competitividade dos graduados e serviços.
O secretário de Estado de Niassa, Dinis Vilanculos, espera que, com as obras, a UniLúrio continue a apostar na investigação para impulsionar o desenvolvimento para o uso sustentável dos recursos. “É um ganho para Niassa, em particular, e para o país, em geral. Ninguém imaginava ter, um dia, um complexo laboratorial na província.”
Dos 57 graduados, 25 são engenheiros florestais, 14 são engenheiros de Desenvolvimento Rural, dois licenciados em Engenharia Zootécnica, um licenciado em Engenharia Geológica e 15 mestres em Desenvolvimento Rural.
De referir que é a primeira vez que a UniLúrio gradua engenheiros em Zootecnia e mestres em Desenvolvimento Rural.