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Moradores de “Maxaquene C” abandonam casas devido a inundações

Foto: O País

Mais de 30 famílias têm as suas casas inundadas devido à água da chuva que caiu entre quarta-feira e quinta-feira, no bairro Maxaquene C, na Cidade de Maputo. Munícipes dizem que a bacia de retenção de águas pluviais de Malhangalene é que veio piorar o já antigo problema.

É mais um caso de inundações urbanas causadas pela chuva na grande capital. O que difere é a localização geográfica, mas o sofrimento é o mesmo.

Sucede que a chuva que caiu na última quinta-feira veio, mais uma vez, provar a inoperância daquela bacia de retenção de águas pluviais, implantada no bairro Maxaquene C, com a única missão de reter a água e evitar inundações.

Mas, parece que a missão tem estado a falhar, pois desde a sua inauguração, a vida dos moradores do bairro Maxaquene “virou um inferno” sempre que chove.

Uma moradora que não quis se identificar, disse que está cansada de falar à imprensa ou ainda de reclamar, pois parece que as autoridades colocaram algodão nos ouvidos e fingem não estar a ver a situação.

Desde que choveu, na quarta-feira e quinta-feira, às ruas, os quintais e casas estão alagados, o que, segundo moradores, faz com que “viver neste quarteirão seja insuportável”. Só aqui continua quem não tem opção.

“Sempre que chove ficamos assim. Não precisa chover muito. Pequena chuva as ruas ficam alagadas. Mesmo tendo pessoas doentes em casa, devido às barreiras que colocamos nas entradas e o chão cheio de água e matope, fica muito complicado transportá-las para o hospital. Pedimos ajuda de quem de direito”, disse Isódia.

Moradores contam que a água chega a atingir, sem exagero, um metro de altura e aí fica impossível sair de casa, mesmo com botas.

Agostinho Paulo, depois de muita insistência, aceitou falar à nossa reportagem. Ele diz que o problema é sobejamente conhecido pelas autoridades, mas nada muda.

“Sempre que chove, nós temos que levar as coisas para cima das cadeiras e nós dormirmos por cima das mesas, pois a água costuma chegar a um metro de altura. Estamos a passar muito mal nesta zona. Fizeram a bacia, mas ela não ajuda em nada. Só nos prejudica, porque antes dela, a água não chegava nas nossas casas”, disse.

Agostinho Paulo conta que há famílias afectadas que estão asiladas na sua casa. E é assim sempre que há precipitação.

Percorremos pelo bairro, de casa em casa, mas estranhamente, as pessoas não queriam falar. Os poucos que cederam contam o drama do seu dia-a-dia.

“Aqui é obrigatório ter botas. Sempre quando chegamos temos que chamar alguém em casa para vir à rua, com botas, para não pisarmos água. Há vezes que temos que partilhar as botas, com quem não as tenha”, contou uma fonte, que preferiu manter-se em anonimato.

A bacia da rua de Malhangalene foi inaugurada a 9 de Julho do ano passado e desde lá, sempre que chove, as autoridades alocam este veículo para extrair a água, porém apenas reduz a água que dificulta a passagem de viaturas na via.

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