Hierarquia das Forças de Defesa e Segurança será reestruturada dentro de dias, avisa o Presidente da República, Filipe Nyusi, 24 horas após exonerar o ministro do Interior, Amade Miquidade. Nyusi falava durante a graduação de cerca de 500 sargentos em Boane.
O Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), Filipe Nyusi, alerta para mudanças, em breve, na hierarquia das FDS, que se debatem com vários desafios, entre os quais, terrorismo, raptos e acidentes de viação.
Nyusi quer excelência nas fileiras, desejo que manifestou esta quarta-feira durante a cerimónia de graduação do décimo segundo curso de formação de sargentos do quadro permanente e do terceiro curso complementar de formação de sargentos do quadro permanente, havido na Escola de Sargentos das Forças Armadas General do Exército Alberto Joaquim Chipande em Boane, província de Maputo.
“Queremos que as forças armadas continuem a ser de excelência para a defesa da pátria e dos interesses nacionais, consolidando-se cada vez mais como a força da unidade nacional. Para o efeito, cabe a vocês garantirem a execução com sucesso da política da defesa nacional. A estes jovens que estão perfilados à nossa frente, além dos que já estão nas outras missões fazem parte de um leque muito grande de quadros que estão à vossa disposição para ajudar a operacionalização das orientações que estamos a transmitir. Dentro de dias, voltarei a elaborar mais sobre esta matéria no âmbito da reestruturação das forças de defesa e segurança”, disse o Presidente da República.
O anúncio é feito numa altura em que o Chefe de Estado se mostra preocupado com o aumento de obras de construções nas áreas de servidão militar em Boane.
“Fiquei um pouco preocupado ainda hoje durante os exercícios, porque as construções estão a aproximar-se à área de servidão militar e algumas explosões que estavam a ser feitas há riscos de qualquer dia atingirem aquela zona, cuidem. Este é um quartel que foi projectado há anos, preciso de ser mantido, está numa zona extremamente estratégica, não é por acaso que em Boane, mobilizem as populações para compreenderem”, detalhou o Chefe de Estado.
E é em Boane onde homens e mulheres foram graduados e patenteados nesta quarta-feira como sargentos nos três ramos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), nomeadamente, o exército, a força aérea e a marinha de guerra.
Durante a cerimónia, os sargentos fizeram demonstrações do trabalho que se comprometem a realizar. Nyusi sublinha o facto de estes sargentos terem tido aulas práticas, numa situação real de guerra, isto é, no Teatro Operacional Norte.
“Temos a certeza de que souberam assimilar a arte e a ciência militar transmitidos. Esperamos, por isso, melhorias e mudanças na forma de actuação nas nossas forças armadas nos teatros operacionais e em todas as missões que forem atribuídas. O sargento é chamado a garantir que o nosso soldado esteja em permanente prontidão combativa. Eu fiquei orgulhoso por saber que o vosso tirocínio foi no teatro norte, onde vocês combateram, bateram duro o inimigo e voltaram para a vossa missão de se formar”, enalteceu Nyusi.
Além do patrono da Escola de Sargentos das Forças Armadas de Boane, Alberto Chipande, o evento contou com o chefe do exército sul-africano que integra a missão da SADC em Moçambique no combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
“EXÉRCITO DISCIPLINADO E BEM COMANDADO É INVENCÍVEL”, DIZ NYUSI
Segundo o Chefe de Estado, os sargentos têm um papel preponderante por serem a “interface” na interligação entre os oficiais e os soldados em benefício do pleno funcionamento de toda a estrutura das FADM, da base ao topo. Para o Comandante-Chefe das FDS, é no sargento onde repousam todas as virtudes de um militar; é o princípio e o fim da disciplina, o exemplo de patriotismo, de abnegação, de respeito à hierarquia, o espelho de aprumo, fonte inesgotável laboral e retrato de sacrifício e bravura.
“Um sargento que não conhece a sua missão e não respeita o seu posto pode influenciar negativamente, não apenas o estado moral e a interacção entre a base e o topo, mas, sobretudo, compromete o sucesso das missões incumbidas à sua unidade ou sub-unidade”, afirmou Nyusi, acrescentando que “o erro de um sargento pode resultar no fracasso de toda a unidade”.
Ainda no seu discurso, Filipe Nyusi lembrou aos formandos sobre as suas tarefas.
“É vossa tarefa esmerarem-se para que Moçambique continue a ser o Estado independente, soberano, uno e indivisível, democrático, com integridade territorial intacta, de justiça social, com a sua população convivendo num ambiente de paz e tranquilidade”.
E mais, “os cargos que vocês assumem e as patentes que vocês ostentam vos impedem de se distraírem enquanto grupos de pessoas que não querem ver o nosso país a desenvolver, roubam os nossos recursos naturais e violam a nossa integridade territorial”, concluiu o Presidente da República.