Supostos nativos voltam a parcelar e ocupar terras pertencentes a uma entidade privada. Para repor a ordem, o Governo do distrito de Marracuene mandou destruir parte das casas construídas com base no material precário.
Ernestina Muchanga diz ser nativa, herdou do seu pai uma parcela com dimensões de 20 por 40 metros em 1975. Há cinco meses, veio erguer uma casa feita com base em material precário que, na manhã desta terça-feira, foi destruída.
“Não querem que nós possamos viver aqui, só estão a fazer conflitos porque nós estamos a construir as casas só, eles destruíram a minha casa”, disse a mulher que se juntava aos outros supostos nativos a reivindicar “os seus terrenos”.
A Empresa Mulhulamete LDA, que se estabeleceu em 1979 no distrito de Marracuene, ocupando uma área de 1200 hectares para se dedicar à silvicultura, diz ter a titularidade para ocupação, uso e aproveitamento do espaço em causa e apresentou vários documentos que atestam estas afirmações e é, por isso, que o Governo de Marracuene esteve no terreno para garantir a reposição da ordem.
“Então, hoje, o Governo distrital decidiu entrar para executar as demolições e repor também a questão de ordenamento territorial, porque esta é única e exclusiva actividade do Estado e não de cidadãos particulares. Movimentam grandes máquinas e isso não pode acontecer dentro de um território onde há esses serviços que tutelam esta área de ordenamento territorial”, disse Sérgio Sumbana, director do Serviço de Planeamento e Infra-estruturas no Governo do distrito de Marracuene.
A empresa, sem gravar entrevista, deu a conhecer, através de documentos, que, no ano 2000, desanexou cerca de 300 hectares e hoje diz estar a ser prejudicada com a acção desta população que se diz ser nativa.
Sabe-se, no entanto, que há um expediente a correr os seus termos no Tribunal Superior de Recurso, o que causa estranheza, porque, sem ainda sentença, já decorrem construções naqueles espaços.
A meio da tarde desta terça-feira, houve confrontos, envolvendo os supostos nativos e forças de segurança da empresa detentora das terras.