Moradores do bairro Inhagoia “B”, na cidade de Maputo, reclamam da exclusão no pagamento de subsídios para as vítimas da COVID-19, processo que iniciou no ano passado para a mitigação do impacto da pandemia do novo Coronavírus
São idosos, mulheres grávidas, outras com crianças no colo e alguns homens desempregados e que se dedicam à venda informal ou biscatos para sobreviverem, que, na manhã desta terça-feira, contaram ao “O País” que, desde o início da pandemia, nunca foram contemplados para o subsídio.
Isabel Fabião, viúva que cuida do seu neto órfão de pai e mãe, conta que, desde a eclosão da pandemia, a sua situação na sua casa só piorou e, quando pensava que fosse ter ajuda, se enganou, pois é algo que aguarda desde o ano passado.
“Eu sou idosa e não me tenho alimentado devidamente. Eu fiquei aliviada quando ouvi que havia o subsídio para vítimas da COVID-19, mas nunca recebi o tal subsídio”, reclamou a idosa.
Na verdade, o problema, aqui, é originado pelo facto de outros bairros já se terem beneficiado do referido subsídio, tal como relatou Elsa, que disse que o bairro vizinho Inhagoia “A” já recebeu o subsídio prometido (4.500 meticais e um telemóvel), mas eles nunca o viram, nem abordados sobre o assunto.
“Nós só queremos saber, será que não somos deste país, também somos pobres, não temos condições; por que somos excluídos? Nunca ninguém diz nada, mas nós temos direito”.
Segundo os moradores, a falta de informação é que agrava a situação, uma vez que apenas ouvem dos moradores de outros bairros a questão do subsídio, mas nunca foram informados oficialmente e, por isso, pedem uma explicação sobre a exclusão.
Em reação, a secretária do bairro, Zaida Nhanengue, disse que nunca teve informação sobre o subsídio para os moradores de Inhagoia “B”, o que pode ter acontecido “é agitação por parte de algumas pessoas que querem sair beneficiadas”, mas, como estrutura, já procuraram perceber o motivo da exclusão, tendo tido, como resposta, no distrito Kamubukwana, a que pertencem, a informação de que apenas foram seleccionados dois bairros e o deles não foi contemplado.
“Enquanto não tivermos informação não podemos agitar-nos”, apelou a secretária do bairro.
Numa nota, enviada à redacção do “O País”, o INAS esclareceu que, no distrito municipal Kamubukwana, apenas os bairros Luís Cabral e Inhagoia “A” são os beneficiários do subsídio para as pessoas vulneráveis social e economicamente.
A agitação ocorreu, igualmente, no bairro Mavalane B, ainda na Cidade de Maputo onde os moradores faziam as mesmas queixas.