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Chefe da diplomacia indiana promete formação de moçambicanos

Dois meses depois de assumir a pasta dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco fez a sua primeira aparição pública na tarde de hoje, ao receber e reunir com o seu homólogo indiano, Vijay Kumar Singh. O ministro das Relações Exteriores da Índia chegou a Maputo no domingo para uma visita de três dias.

Depois de um breve encontro, os dois governantes prestaram declarações à imprensa. E foi aqui onde foram questionados sobre os problemas na implementação do acordo que prevê a exportação de feijão boer de Moçambique para Índia. José Pacheco foi o primeiro a explicar que “não há corte” nas metas assumidas no acordo e que a Índia mantém a abertura de importar 500 mil toneladas de feijão boer produzido em Moçambique. E se não há corte, porquê é que alguns camponeses moçambicanos que apostaram no feijão boer não estão a conseguir vender a sua produção a preços atractivos. “Nós não tínhamos capacidade de exportar, de uma só vez, 500 mil toneladas, por isso parcelamos as quantidades a exportar por cada ano. A meta do ano passado era de 200 mil toneladas e foi cumprida na totalidade. O que ocorreu é que nós subestimamos a nossa capacidade produtiva, isto é, produzimos mais do que aquilo que era a meta prevista para o ano passado”, detalhou. Em 2017, Moçambique produziu mais de 300 mil toneladas de feijão boer, tendo exportado para o mercado indiano 200 mil toneladas.

Tal como em Moçambique, na Índia também houve excesso de produção. Aliás, os altos preços de feijão boer atraíram muitos agricultores a apostar nesta cultura de rendimento nos dois países. “O que aconteceu na Índia é que o preço de feijão subiu e todos os farmeiros passaram a produzir feijão bóer, logo houve excedente. E como o preço está a baixar, muitos farmeiros vão apostar em outras culturas”, explicou, por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Índia. Enquanto a “mão invisível” não consegue equilibrar o mercado, o Estado está apostar no aumento da capacidade de armazenamento para responder às variações de preços. “Os camponeses fizeram a sua parte, mas o mercado não está a responder, por isso estamos à procura de aumentar a capacidade de absorção dos cereais”.

O chefe da diplomacia indiana veio a Moçambique para “dar seguimento às decisões que foram tomadas ao mais alto nível, na perspectiva de operacionalização da cooperação”. Durante o encontro, Índia manifestou disponibilidade em continuar a formar moçambicanos nas áreas de agricultura, energia e gestão de recursos naturais. Os beneficiários das bolsas deverão retornar ao país com a missão de formar outros moçambicanos.

“A nível político as relações são boas e isso precisa de ser traduzido cada vez mais em investimentos em Moçambique. Aqui encorajamos o sector privado dos dois países a estabelecerem parcerias para as áreas em que se oferecem para fazer investimento”, disse José Pacheco.

Antes do encontro com o seu homólogo, o ministro indiano reuniu com o ministro dos Recursos Naturais e Energia, ministro da Indústria e Comércio e ministro da Defesa Nacional. Ainda hoje, Vijay Kumar Singh foi recebido pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.

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