O terrorismo instalado em Cabo Delgado é tema a nível internacional, tanto que o representante do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni, é citado por um jornal suiço a falar do teatro de operações. Manzoni defende apoio material em blindados, drones e lanchas.
O indicado do secretário-geral das Nações Unidas defende que a ajuda internacional deve auxiliar o exército moçambicano a cumprir as suas obrigações e não ocupar o seu lugar.
O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni, considera que os parceiros do país devem fornecer-lhe ajuda militar para combater os rebeldes em Cabo Delgado “sem hipocrisia”.
“Seria mais sensato se ajudassem directamente o exército moçambicano, sem hipocrisia. Moçambique precisaria de blindados, camiões de transporte de pessoal, drones de vigilância e lanchas rápidas para controlar as costas”, diz Manzoni.
O representante de Guterres em Moçambique diz que a situação em Cabo Delgado lembra a ameaça jihadista de 2012 no Mali, mas opõe-se a uma intervenção internacional no norte do país, justificando que isso seria deitar mais lenha na fogueira e beneficiaria a propaganda extremista.
O responsável disse que se opõe ao uso de mercenários, mas a situação é complexa: “a realidade no terreno deve fazer-nos reflectir”.
“Quando se pede ajuda e ninguém mexe um dedo, é isso que acontece. Moçambique gasta fortunas com mercenários, primeiro com russos do grupo Wagner e agora com uma empresa sul-africana”, detalhou Manzoni, para depois fazer o apelo à ajuda directa dos doadores.
Mirko Manzoni diz que é preciso dar ouvidos à liderança do país. “Oiçamos o apelo de Moçambique: a ajuda militar deve ser fornecida através da cooperação“, ou seja, “ajudar o exército moçambicano a cumprir as suas obrigações”, em vez de ocupar o seu lugar.
Diz ter noção de que tal ajuda não é bem vista entre os parceiros, que não querem “sujar as mãos”, mas “é uma ilusão querer desenvolver a província de Cabo Delgado sem primeiro haver segurança”.
EURODEPUTADOS PEDEM ACÇÕES CONCRETAS DA ONU SOBRE CABO DELGADO
Numa carta enviada ao secretário-geral das Nações Unidas, deputados do Parlamento Europeu defendem que para a situação de Cabo Delgado deve haver um envolvimento profundo e activo da comunidade internacional
Os Eurodeputados entendem que os apelos das várias personalidades não têm tido eco no terreno, pelo que “importa reforçar a estratégia de diálogo e cooperação entre as várias organizações com vista a medidas concretas no terreno para ultrapassar as dificuldades existentes”.
Na carta citada pela imprensa internacional, os deputados querem que se reúna esforços da União Europeia, das Nações Unidas e de todas as organizações regionais.
Para os eurodeputados, “todos os esforços devem ser convocados para garantir a estabilidade” de Moçambique e impedir que os ataques jihadistas se alastrem a todo o país.