Os operadores turísticos da Ponta d’Ouro, na província de Maputo, dizem-se animados com o regresso às praias e esperam que com a possível reabertura da fronteira com a África do Sul o seu negócio ganhe fôlego, depois de meses sob flagelo da COVID-19. Entretanto, na primeira semana de retoma às praias, a temperatura era desfavorável e quase que não houve banhistas na Ponta d’Ouro.
O Coronavírus ditou um novo estilo de vida marcado por restrições no mundo para controlar a propagação da doença. O encerramento das fronteiras e praias foi inevitável e só há pouco tempo alguns países iniciaram um alívio gradual às proibições.
O turismo ficou afectado pela COVID-19 e quase à beira do colapso precisa de praias e fronteiras abertas para se reanimar. No dia 15 de Setembro, as praias moçambicanas foram reabertas mas quase ninguém foi à Ponta d’Ouro. Aquele espaço de lazer estava deserto, facto que predominou por quase cinco meses, deixando seca a fonte de dinheiro das estâncias turísticas.
“Resumindo, nós estamos em crise porque as pessoas não eram permitidas ir à praia e nós dependemos disso para ter clientes”, disse Firmino Massinga, um operador turístico na Ponta d’Ouro.
Os operadores turísticos dependem da praia para ter clientes e estes do clima para se fazerem às praias. Na primeira semana da permissão para se frequentar as praias a temperatura não estava favorável.
Contudo, nada que impedisse Amélia Mombassa de sair da Zambéziapara conhecer as maravilhas da Ponta d’Ouro.
“Realmente é a primeira vez que cá venho (Ponta d’Ouro) e estou a gostar bastante da praia, apesar” de haver poucas “pessoas por causa da situação do Coronavírus”, contou Amélia Mombassa.
Amélia e sua família chegaram à Ponta d’Ouro um dia depois da reabertura das praias no âmbito do relaxamento das restrições impostas pela COVID-19 e cumpriram as orientações para a prevenção do novo Coronavírus.
“Não usei máscara por questões de mergulho, mas quando estou diante de muita gente uso-a”, afirmou a interlocutora, acrescentando que nos supermercados locais é obrigatório o uso da máscara.
Confinada desde a eclosão da pandemia, Iria Mucavele precisava de respirar ar puro, sentir o pulsar da natureza, ver as ondas gigantescas formadas por águas cristalinas e a escolha não podia ser outra: a Ponta d’Ouro.
“Já estávamos a precisar. Ficámos muito tempo confinados. É verdade que há ainda restrições porque quando a praia enche e tem vindo polícias diminuir pessoas para não haver aglomerados”, contou a senhora.
Mesmo estando na praia em família é obrigatório usar a máscara porque se trata de um espaço público, daí a necessidade de tomar precauções para evitar o contágio pelo vírus que assola o mundo.
Na Ponta d’Ouro, as estâncias turísticas estão fechadas, os quartos bem arrumados e os restaurantes prontos a servir, mas não há visitantes.
“A verdade é que com a COVID-19 estamos a passar muito mal. Quase que tudo foi abaixo”, lamentou Maria Munguambe, operadora turística naquele ponto do país, exaltando a beleza da praia, mas com um número contável de pessoas. “Não temos aquele turismo que nós conhecemos”.
Ainda que não seja o que os operadores turísticos estão acostumados, as estâncias turísticas da Ponta d’Ouro sobreviveram durante os cerca de cinco meses de confinamento, com base no turismo doméstico.
“Posso dizer que 20% é o turismo nacional. Agora, 20% dos 100 não ajuda o trabalhador e muito menos a empresa, em geral. Essa percentagem só funciona para mantermos o espaço limpo e cortar a relva. Para voltar ao normal, será necessário muito trabalho”, queixou-se Maria Munguambe.
Mas pode não ser necessário tanto trabalho assim. É que com a reabertura das praias e, provavelmente, da fronteira da Ponta d’Ouro, os operadores turísticos esperam mais visitantes e mais dinheiro.
“A expectativa é maior porque antes da abertura das praias tivemos um movimento considerável. No fim-de-semana longo tivemos alguns hóspedes nas nossas casas e foi muito bom de vê-los”, disse Maria Madalena, operadora turística, secundada por Maria Munguambe ao afirmar que “as fronteiras vão reabrir e todos nós voltaremos a trabalhar como deve ser”.
O trabalho das estâncias turísticas deverá ter em conta as medidas de prevenção do novo Coronavírus, sobretudo com a possível reabertura das fronteiras com a vizinha África do Sul, país com mais de 600 mil casos positivos do novo Coronavírus.
“Água, sabão e máscara não podem faltar. É o que estamos tentar fazer. Agora, do distanciamento [físico] é difícil falar. Mas estamos a tentar…”, apontou Maria Madalena.
Para os restaurantes, a regra é a mesma: “temos desinfectantes, os trabalhadores com máscaras e medimos a temperatura. Nós seguimos todas as regras de prevenção do novo Coronavírus”, garantiu Firmino Massinga.
Com a reabertura das fronteiras, a África do Sul impôs a apresentação do teste negativo do novo Coronavírus a todos os visitantes que chegarem àquele país. Espera-se que medidas similares sejam tomadas do lado moçambicano, em caso de abertura, como forma de evitar o aumento do número de casos importados da terra do rand.