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Fado português poderá “dançar” ao ritmo da música moçambicana

A fadista portuguesa, Mariza, poderá cooperar com as escolas moçambicanas de música no ensino da arte de cantar, a convite da vice-ministra da Cultura e Turismo, Ana Comoana.

A cantora portuguesa está em Moçambique de férias e, esta quarta-feira, foi recebida pela vice-ministra da Cultura e Turismo. A fadista ofereceu discos das suas músicas à governante moçambicana e contemplou, na oferta, o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o Ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro.

No momento da oferta, o astro da música portuguesa fez a questão de dizer que em todos os países por onde passa reitera que é moçambicana, por isso está orugulhosa em pisar a terra que a viu nascer.

A visita serviu igualmente de reencontro com a cantora moçambicana Mingas e o músico Moreira Chonguiça, presentes no evento e que viram uma oportunidade de combinar os ritmos moçambicanos com o fado. Aliás, todos são unânimes em dizer que não existe barreira nenhuma capaz de parar a música, mesmo porque, apesar de Portugal e Moçambique estarem separados por vastos quilómetros, existem vários aspectos culturais que unem as duas nações, sendo uma delas a língua portuguesa.

Experiência de Mariza associada ao conhecimento para as escolas

Ainda no encontro desta quarta-feira, a vice-ministra da Cultura e Turismo propôs colaboração da cantora portuguesa nas escolas moçambicanas de música.

“Tendo em conta a sua esperiência, acreditamos que de alguma maneira está associada a um conjunto de conhecimentos, quer de instiuições, que estejam ligadas à área de formação como as nossas. Não queremos exactamente que a Mariza diga neste encontro que tipo de apoio pode encontrar, mas queremos que leve na sua bagagem à nossa preocupação”, rematou Coana.

O convite da vice-ministra foi aceite, mesmo porque Mariza acredita ser possível juntar o fado aos ritmos nacionais.

“Gostei muito de voltar a ver a Mingas, infelizmente não estive com ela a cantar, porque seria ainda muito mais interessante. Mas, é sempre bom estar com músicos moçambicanos. Gostava muito de voltarmos a encontrarmo-nos no palco”, disse a fadista, prosseguindo: “Existe público para todos estilos de música. Há uma frase muito interessante que diz: só existem dois tipos de música, a boa e a má. Não interessa se é fado ou marrabenta, o que interessa é que seja bem feita”, esclareceu.

Em relação à proposta feita pela vice-ministra, Mariza considera ser interessante, o que se deve fazer é descubrir quais são as necessidades do dia-adia nas escolas, para, a partir daí, se chegar “a bom porto”.

Músicos dispostos a misturar fado com ritmos moçambicanos

A cantora moçambicana Mingas e o saxofonista Morreira Chonguissa consideram bom o posicionamento da Mariza, mas reconhecem que é necessário fazer muitas pesquisas na área.

Mingas falou do reencontro que para ela significa “bom início de ano” e, comentado sobre a possibilidade de a cantora Mariza colaborar na arte de cantar com os moçambicanos, disse: “todas as colaborações normalmente são interessantes e boas. Mas, na verdade, é preciso que a gente trabalhe muito, para que o casamento saia perfeito. Juntar dois estilos totalmente diferentes não é fácil, é preciso que dediquemos muito tempo para isso. É o que vamos começar a fazer para ver se esse casamento pode sair bem”.

Por seu turno, Morreira Chonguissa reagiu afirmando que na música não existem fronteiras, mas sim espaços para que ela nasça. Por exemplo, o saxofonista recorreu à ópera de Luciano Pavarotti, que fez uma fusão com Bryan Adams e Sting, para mostrar que tudo é possível”.

“Não seria algo de novo, mas sim inovador. É só querer e fazer. Se calhar o que vai acontecer é termos um novo paradigma na música moçambicana”, mostrou-se confiante Chonguiça.

Refira-se que Mariza nasceu em Maputo e é filha de pai portugês e mãe moçambicana. E como quem sabe não teme, no encontro deu um “cheirinho” da sua voz aos presentes, que aplaudiram efusivamente, como quem diz queremos mais.

 

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