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Sem mola, bola não rola…

Continua o braço-de-ferro entre os jogadores e a direcção do clube 1º de Maio de Quelimane, único representante da Zambézia no campeonato nacional de futebol.

Ontem e hoje, para não variar, os jogadores boicotaram as sessões de treinos tendo em vista o embate de domingo diante do Maxaquene, inserido na 28ª jornada do Moçambola ZAP 2017.

Em causa, estão quatro meses de salários em atraso, uma situação que se arrasta há já algum tempo neste clube que atravessa uma crise financeira.

Os jogadores até se fizeram ao campo, mas recusaram-se a treinar. E tal acontece a três dias do decisivo jogo com o Maxaquene que entra nas contas da manutenção. 

Contactada pelo “O País”, a direcção do clube 1º de Maio de Quelimane não se quis pronunciar sobre mais uma paralisação das actividades nesta colectividade.

Enquanto isso, Beato Dias, director provincial da Juventude e Desportos da Zambézia, lamentou a situação e avançou que já propôs a redução do plantel do 1º de Maio de Quelimane.

Dias disse que a solução passa, igualmente, pela organização da contabilidade deste clube. “Os salários do 1º de Maio de Quelimane devem ser garantidos através das receitas que o clube colecta. E, como um clube federado, eles devem fazer todo um esforço. O que nós temos estado a fazer é apelar ao 1º de Maio de Quelimane para que tenha uma contabilidade organizada”, frisou Beato Dias.

O director provincial da Juventude e Desportos da Zambézia ajuntou que “estamos a estudar um mecanismo para reduzir o plantel do clube”.

Treinadores sacrificados mesmo sem salários

Em Julho, a direcção do clube 1º de Maio de Quelimane “sacrificou” Cesário Matos, treinador principal, e Ernesto Fumo, adjunto.

Estes foram despedidos numa altura em que a equipa estava em greve, ou seja, não treinava há três dias em reivindicação de três meses de salários em atraso.

Ainda que contrariados, os técnicos disseram, na altura, que respeitavam a decisão de clube e que tudo fizeram para que este se encontrasse com as vitórias.

O inspector da Direcção Provincial da Juventude e Desportos, José Lobo, teve que intervir e  dirigiu-se ao campo para perceber, de perto, o que de facto estava a acontecer no 1º de Maio de Quelimane. O dirigente desportivo mostrou-se apreensivo em relação a crise instalada. “Foram detectados vários problemas pontuais e urgentes de se resolverem”, frisou.

Solidariedade do Governo

Sensibilizado com a crise que o 1º de Maio atravessa, Abdul Razak, governador da Zambézia, decidiu tornar-se sócio do clube como forma de apoiar o mesmo, para além de ter convidado outras entidades a seguirem o mesmo exemplo.

«Estão todos convidados a preencher a ficha de inscrição como sócios e a mencionar o valor que pretendem pagar mensalmente nessa qualidade. Eu já preenchi a minha ficha, já sou sócio do 1° de Maio e vou contribuir, em cada mês, com mil meticais. Directores provinciais e administradores distritais estão todos convidados. Vamos contribuir para o nosso clube», apelou, na altura, o governador da Zambézia.

Razak tem sido uma figura de mobilização, ou seja, tem apelado ao empresariado local a ajudar o clube a sair da crise em que se encontra mergulhado. Debalde. A crise continua, o clube corre o risco de descer de divisão, a província da Zambézia pode ficar sem representante do Moçambola.

Despromovido, repescado e mergulhado na crise

Precisamente a 5 de Janeiro de 2016, o Governo da província da Zambézia mobilizou empresários daquele ponto do país para uma acção de angariação de fundos para viabilizar a participação do 1º de Maio de Quelimane no Moçambola 2016. Era precisos, na altura, 15 mi­lhões de meticais que os “trabalhadores” participassem no Campeonato Nacional de Futebol. Serve de referência recordar que o 1º de Maio de Quelimane havia sido despromovido, mas foi repescado devido ao aumento do número de equipas na prova de 14 para 16, decisão tomada na Assembleia-geral extraordinária da Liga Moçam­bicana de Futebol (LMF). Os valores destinavam-se a contratação de jogadores e funcio­namento do clube. E ficou, por parte do governador da Zam­bézia, o sentimento de que “a equipa deve participar na prova por se tratar de um orgulho da província em participar na maior prova do ca­lendário futebolístico moçambi­cano”.

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