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Cinema italiano reforça ensino de artes e comunicação na UP Maputo 

Mais de 70 estudantes da Universidade Pedagógica de Maputo (UP Maputo) receberam uma capacitação inédita orientada por cineastas italianos, no âmbito da XVIII edição da Festa do Cinema Italiano, que decorreu nesta instituição. A formação envolve também docentes da Faculdade de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes, num intercâmbio que o chefe do Departamento Pedagógico, Nélis Elias, considera “um aprendizado fora da caixa”.

Segundo explicou Nélis Elias, a iniciativa permite que estudantes e professores tenham contacto direto com profissionais que vivem e praticam cinema diariamente. “É sempre bom quando se tem contacto com quem vive e pratica tais atividades. É uma saída do teórico para o prático”, afirmou, sublinhando que a troca de experiência com especialistas internacionais traz um impacto imediato. “Só esta interação destes dois dias já permite um aprendizado fora da sala de aulas.”

A capacitação abrange estudantes dos cursos de Jornalismo, Desenho da Comunicação e Artes Cênicas, áreas que integram disciplinas relacionadas à edição, produção e pós-produção. No total, participam cerca de 70 estudantes, além de docentes que também estão a ser formados em matérias de roteiro, produção e pós-produção cinematográfica.

Para além da formação pontual, a direção da faculdade está a olhar para o futuro com ambição. Nélis Elias revelou que a instituição pretende caminhar para a criação de um curso de cinema na UP Maputo. A parceria com os cineastas italianos poderá ser “uma alavanca determinante” nesse processo.

“A ideia é, num futuro não distante, termos um curso de cinema propriamente dito, que vai congregar estes três cursos onde já existe edição, produção e pós-produção”, disse. Segundo acrescentou, a abertura do curso “vai robustecer a nossa oferta formativa” e ajudar a instituição a responder “às exigências que o mercado nacional tem”.

O chefe do Departamento Pedagógico reforça que a cooperação internacional tem como objectivo colocar estudantes e professores num “nível internacionalizado”, capaz de os permitir competir de igual para igual com profissionais de outras geografias. “Esperamos que, com estas capacitações, os nossos professores e alunos possam participar em qualquer festival ou curso nas áreas de cinema e artes cênicas”, afirmou.

Questionado sobre os impactos futuros no currículo da faculdade, o responsável não descartou mudanças. “A ideia é estarmos todos nós num nível internacional, de forma a podermos competir em pé de igualdade. Obviamente que estas parcerias trarão melhorias e enriquecimento daquilo que ensinamos”, destacou.

Embora considere prematuro falar da criação de um festival de cinema moçambicano promovido pela Universidade Pedagogica de Maputo, reconhece que o intercâmbio pode inspirar novas iniciativas. “Seria prematuro avançar, mas acreditamos que este aprendizado vai melhorar a forma como ensinamos jornalismo, artes cênicas e comunicação”, comentou.

Nélis Elias lembra ainda que o audiovisual está a ganhar cada vez mais espaço no país, com a abertura do mercado midiático e o surgimento de novas empresas de comunicação. “É uma tendência global, e a UP não pode ser uma exceção. Buscamos, com estas parcerias, estar nesta rota de evolução”, afirmou.

Durante a entrevista fez ainda ainda um prognóstico preliminar do ano académico, com uma avaliação positiva, porém, cautelosa. “O aproveitamento foi bom. Não tivemos tantas dificuldades como no ano passado”, afirmou. O responsável reconheceu que o semestre começou “tímido” devido ao impacto das manifestações violentas do período pós eleitoral, mas garantiu que isso não afetou o processo de ensino e aprendizagem.

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