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Governador de Nampula escala Chipene depois dos ataques terroristas

O governador de Nampula, Eduardo Abdula, escalou, nesta segunda-feira, a localidade de Chipene, distrito de Memba, uma das zonas recentemente marcadas pela insegurança, conforme havia prometido.

Acompanhado pela imprensa, que segundo disse realça o compromisso assumido de garantir transparência e acompanhamento público da situação no terreno, Eduardo Abdula cumpre a promessa que tinha garantido às famílias acolhidas em Alua-Sede, que seria o primeiro a regressar ao terreno, acompanhado de jornalistas, para avaliar as condições de segurança antes do retorno dos deslocados.

Em contacto directo com a comunidade, Abdula fez um discurso duro e emotivo, explicando que os ataques e os vídeos violentos difundidos nos telemóveis fazem parte de uma estratégia de terror usada pelos insurgentes para provocar a fuga massiva das populações.

“Sabem o que é que o bandido faz? O bandido vem de surpresa e com violência. Depois corta a nossa cabeça. Cria terror, pânico. E hoje, no mundo moderno, começa a passar isso nos telefones”, afirmou, alertando que até localidades onde não houve ataques acabam por entrar em pânico, devido às imagens.

Segundo o governante, o objectivo dos terroristas é claro: forçar o abandono das zonas que consideram estratégicas e com potencial económico. “O terrorista está à procura das nossas riquezas. Por isso é que nos assustam aqui”, disse o governador de Nampula.

Eduardo Abdula garantiu que as Forças de Defesa e Segurança destruíram várias bases inimigas nos últimos 15 dias, mas reforçou que a vigilância comunitária é fundamental. “Temos infiltrados aqui, que vendem a vida do seu povo em troca de duas quinhentas. Se a comunidade não nos ajudar, não vamos fazer muita coisa”, avisou.

O governador sublinhou que está a visitar pessoalmente as localidades para aferir o nível de segurança e preparar o regresso seguro das famílias deslocadas. “Eu estou aqui para ver com os meus olhos. A fé tem de ser acompanhada de coragem. Não podemos deixar estes indivíduos ocuparem o nosso território”, disse.

Recordou ainda que os deslocados em Alua-Sede enfrentam uma situação difícil: “O povo que deixámos lá, em Alua, está a sofrer. Há gente que está a morrer de fome. Deixaram as suas machambas aqui. Por isso, vim planificar convosco o regresso das nossas famílias”.

Por outro lado, Eduardo Abdula apelou ao apoio de toda a comunidade do Posto Administrativo de Chipene, no distrito de Memba, para receber as famílias deslocadas em Alua, no distrito de Eráti, no âmbito do processo de regresso às suas zonas de origem.

Algumas famílias que já regressaram afirmam que o ambiente em Chipene é calmo e favorável para o reinício das suas vidas. No entanto, destacam que a principal dificuldade para o regresso continua a ser a falta de recursos financeiros para custear o transporte até ao posto administrativo.

O governador de Nampula encerrou com um apelo directo à comunidade: coragem, vigilância e denúncia activa de infiltrados, para impedir novos avanços dos grupos armados.

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