A Renamo condenou, hoje, o ataque à sua delegação em Nacala, na província de Nampula, na última quarta-feira. O partido, que apelou ao diálogo interno, esclareceu que a acção foi protagonizada por alguns membros do partido, que exigem a realização do Conselho Nacional.
Trata-se de um grupo de 15 membros do partido, que invadiu a Delegação Distrital da Renamo, em Nacala, e violentou brutalmente os que estavam nas instalações da delegação, o que resultou em vários feridos e agravou as tensões internas, pelo que a organização considerou as acções como preocupantes.
Em entrevista ao “O País”, o porta-voz da RENAMO, Marcial Macome, confirmou que os agressores são membros da organização, embora, até ao momento, não exista uma identificação formal dos mesmos.
“Estamos a trabalhar para apurar os factos e identificar todos os envolvidos. Este tipo de comportamento é inaceitável dentro de uma organização política que se guia por princípios democráticos”, afirmou Macome.
Quanto ao número de vítimas e à gravidade dos ferimentos, o partido ainda não dispõe de dados concretos. “Estamos na fase de levantamento do impacto do ataque, tanto em termos humanos como materiais”, acrescentou o porta-voz.
A liderança da Renamo reconhece que o incidente reflete uma crise interna mais ampla, presente em várias delegações provinciais, motivada por descontentamento nas bases.
Questionado sobre a ligação do conflito com a liderança nacional de Ossufo Momade, Macome admitiu que “há sinais de frustração e desta vez, os agressores exigiram a realização do Conselho Nacional”. Porém, o partido assegura que só vai realizar o Conselho Nacional respeitando a lei interna.
A Renamo garantiu ainda que está a tomar medidas para apurar responsabilidades, restaurar a ordem e disciplina partidária.
No plano interno, o partido anunciou que vai introduzir reformas nos mecanismos de comunicação e mediação de conflitos, com o objectivo de garantir a estabilidade das suas estruturas e a segurança dos seus membros.
“Reconhecemos que há falhas na gestão de conflitos e estamos a trabalhar para melhorar a nossa relação com as bases. O diálogo é o único caminho para garantir a coesão, futuro e a salvaguarda do bom nome da Renamo”, concluiu o porta-voz.
O episódio violento em Nacala acende o alerta para possíveis focos de instabilidade em outros distritos, num momento em que o partido de Ossufo Momade se prepara para fortalecer a sua presença no xadrez político nacional.