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Franco inaugura exposição “Idas e Vindas” de Ricardo Rangel

Nesta terça-feira, às 18h, será inaugurada, no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), Cidade de Maputo, a exposição “Idas e Vindas”, que ficará patente na Sala de Exposições até ao dia 4 de Agosto.

A mostra apresenta uma selecção de 49 fotografias de Ricardo Rangel, resultado de um trabalho desenvolvido por quatro estudantes finalistas da Escola Superior de Artes, da Ilha da Reunião, no âmbito do seu programa de pesquisa “Artes, Paisagens e Insularidades”.

“Acompanhados pelas suas professoras, os estudantes realizaram uma viagem de estudo a Maputo no final de 2024, onde mergulharam no vasto acervo de Ricardo Rangel, preservado no Centro de Documentação e Formação Fotográfica de Moçambique, fundado pelo próprio fotógrafo. Entre mais de duas mil imagens digitalizadas, seleccionaram aquelas que melhor dialogam com os temas explorados nos seus percursos artísticos — como o quotidiano urbano e rural, os gestos simples, a memória colectiva e as ligações entre território e identidade — propondo uma leitura contemporânea do legado de Rangel e cruzando olhares entre Moçambique e o Oceano Índico”, pode-se ler na nota do Franco.

“Idas e Vindas” foi apresentada pela primeira vez na Ilha da Reunião, durante o colóquio “Formas e Memórias de Moçambique e da Reunião: histórias cruzadas e paralelas”, e chega agora a Maputo, abrindo um novo capítulo de diálogo em torno da obra de Rangel.

Na quarta-feira, às 18h30, o Auditório do Franco, acolhe uma mesa-redonda intitulada “Travessias Visuais: Memórias e Resistência no Olhar de Ricardo Rangel”, que parte da exposição para promover uma conversa aberta a investigadores, estudantes, fotógrafos e ao público em geral.

A mesa-redonda propõe um diálogo sobre a Cidade de Maputo como território de observação crítica, memória e resistência, a partir das fotografias de Ricardo Rangel apresentadas na exposição “Idas e Vindas”.

O painel contará com a participação de Rafael Bordalo (CDFF), Belchior Canivete (investigador) e Isaias Fuel (pesquisador e docente).

A realização desta exposição conta com o apoio do Millennium bim, parceiro do CCFM na promoção das artes e da cultura em Moçambique. Com este apoio, o banco reafirma o seu compromisso com o incentivo à criação artística e ao diálogo intercultural, contribuindo activamente para a valorização do património cultural moçambicano.

RICARDO RANGEL

Nascido em 1924 em Maputo (antiga Lourenço Marques), Moçambique. Faleceu em 2009 em Maputo.

Ricardo Rangel foi fotojornalista. O seu trabalho orientou-se para a denúncia da colonização, o que lhe valeu várias detenções. As suas fotografias contam a história de Moçambique através dos gestos e das actividades quotidianas da população. 

Centradas no ser humano, as suas imagens são documentais, comprometidas e críticas. Em torno de Ricardo Rangel formou-se uma escola moçambicana do “real”.

Mestiço de origem grega, chinesa e africana, foi, em 1952, o primeiro não branco a trabalhar como fotojornalista no jornal moçambicano Notícias da Tarde. Considerado um dos pais da fotografia africana, Ricardo Rangel contribuiu também para o desenvolvimento, profissionalização e promoção da fotografia em Moçambique, ao fundar, no início dos anos 1980, a Associação Moçambicana de Fotografia, e posteriormente o Centro de Documentação e Formação Fotográfica.

Está representado pela AFRONOVA GALLERY (Joanesburgo).

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