Apesar da missão do FMI ter deixado Moçambique, no passado dia 19 deste mês, sem um posicionamento em relação à retoma da cooperação, o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, não descarta a possibilidade de haver um programa entre as duas partes para 2018. “Não sei quem disse que não vai haver programa, nós estamos a trabalhar e as coisas estão a acontecer. O FMI é nosso parceiro”, adiantou o ministro.
Adriano Maleiane esclareceu o papel da missão do FMI que esteve no país, recentemente, e diz que nada ainda está decidido.
“Vinham para saber o que o Governo está a fazer em seguimento das recomendações do relatório do inquérito parlamentar e do resumo que foi disponibilizado pela Kroll. O programa é um processo, então nós continuamos a trabalhar com eles a nível da equipa técnica, em Washington. Eles vieram cá para ter este esclarecimento, que faz parte dos trabalhos, porque depois têm que levar uma proposta ao Conselho de Administração do FMI”, referiu.
A missão do FMI esteve em Maputo de 10 a 19 deste mês para discutir, entre outros pontos, os resultados da auditoria às dívidas ocultas elaborada pela Kroll.
No comunicado que divulgou logo após a visita ao país, o FMI disse que embora o relatório ofereça dados úteis sobre os empréstimos, persistem lacunas de informação essencial que carecem de ser resolvidas.
A instituição de Bretton Woods exortou ainda ao Governo a tomar medidas para colmatar a falta de informação e melhorar o plano de acção de reforço da transparência, melhoria da governação e garantia de responsabilização.
As autoridades moçambicanas assumem que a solução para a crise da dívida soberana passa por uma reestruturação ajustada à capacidade actual do país. Questionado sobre as negociações com os credores, Adriano Maleiane disse não haver ainda uma posição e que os assessores internacionais contratados pelo Governo estão a discutir com os titulares da dívida da Ematum, MAM e Proindicus as diferentes formas de pagamento.
O ministro da Economia e Finanças destacou que houve avanços em relação aos problemas que inquietavam o FMI, especialmente a credibilidade da informação financeira.
“Moçambique, como membro do FMI, já esclareceu a questão das dívidas, portanto, na óptica do FMI o assunto do mise reporting acabou em Novembro de 2016. O que agora estamos a discutir é como é que trabalhamos para trazer toda esta questão da dívida dentro da sustentabilidade, tendo em conta as nossas capacidades”, concluiu.
Adriano Maleiane falava, esta segunda-feira, em Maputo, durante o lançamento da 2ª edição da Feira Nacional de Projectos, uma iniciativa Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique, que tem objectivo de encontrar respostas para acesso ao emprego.
Na ocasião, Maleiane desafiou os jovens a terem cultura de trabalho e a desenvolverem projectos de geração de renda, tendo apontado a agricultura como um sector de oportunidades.