Salários baixos… foi uma das principais contestações dos trabalhadores, um dia depois da aprovação do novo salário mínimo. No seu dia, milhares de trabalhadores saíram a rua, na cidade de Maputo para “despir” tudo, tudo o que lhes aflige.
Foi por volta das 8h e 30 minutos quando o sol começou a despertar na cidade de Maputo que iniciavam as celebrações do dia internacional do trabalhador. A praça dos heróis acolheu a habitual deposição cerimónia de coroa de flores, uma cerimónia dirigida por Alexandre Munguambe, secretário Organização dos Trabalhadores Moçambicanos – Central Sindical e pela Ministra do trabalho, Vitória Diogo. A dirigente reconheceu a existência de desafios para a satisfação da massa laboral, mas só deixou compromissos de continuar a trabalhar na defesa dos direitos dos trabalhadores.
E porque a festa era mesmo dos trabalhadores, por volta das 9h00, estes posicionaram-se nas avenidas Guerra Polular, Karl Max e Samora Machel para o arranque da marcha. Uns a pé, outros em motorizadas, ou em viaturas ligeiras e pesadas seguiram pela Avenida 25 de Setembro na imprescindível companhia da banda da Polícia.
Criatividade… foi o que não faltou! Porque nem todos os jornalistas tiveram oportunidade de desfilar, a comunicação social foi muito bem representada por um grupo de jovens que empunhando microfone e câmara (improvisadas) mostram os sacríficos que a classe tem que enfrentar para fazer chegar a informação à sociedade.
Viaturas pesadas foram também usadas para representar as diversas actividades. Quanto aos dísticos viu-se um pouco de tudo. Contestações contra salários baixos, despedimentos sem justa causa, discriminação no trabalho e mensagens de repúdio às dívidas ocultas.
Presença também digna de registo foi dos trabalhadores do sector de segurança privada. Muitos deles, com novos fardamentos, mas com velhos problemas: Salários baixos, falta de pagamento de horas extras e falta de condições adequadas para o exercício das suas actividades.
Os que não tinham dísticos, os cânticos e danças foram as formas usadas para fazer chegar a mensagem. Vestidos a rigor, alguns de capulanas e outros de fatos dançavam a dança da contestação.
Mas há quem foi a marcha não para reivindicar, mas ganhar algum. É o caso de Yara Maúde que veio de Nampula. Por cada desenho facial feito com base no mussiro cobrava 20 meticais e não faltou clientela. “Este creme de rosto serve para que a cara esteja lisa, tirar as borbulhas e estica a pele”, disse Yara enquanto fazia desenhos na face de uma cliente.
E porque havia muita procura por apitos, há quem teve faro do negócio e não se arrependeu. “Compraram muitos restou apenas uma embalagem”, disse o vendedor.
PORQUÊ ESCOLHA DO 1º DE MAIO?
O Dia Mundial do Trabalhado foi criado em 1889, em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos.
Naquela época milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas, e discursos movimentaram a cidade.
Mas a repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia.