Continuam os atrasos e as irregularidades no pagamento de salários a agentes da Polícia. A informação foi revelada, hoje, pela Associação de Polícias, que, também, denunciou a exposição pública de seus membros acusados de tentativa de assassinato por partidos políticos.
Mesmo depois de o Presidente da República ter ordenado, no mês passado, o pagamento imediato de salários aos membros das Forças de Defesa e Segurança, o problema persiste.
“Os salários continuam a sair de uma forma que não conseguimos entender. Uns recebem e outros não recebem. Se recebem, continuam a ter um desconto que ninguém consegue justificar e ninguém vem a público explicar se estes descontos se trata de redução ou do processo da Tabela Salarial Única ou porque há falha, terão o direito a retroactivos ou não. Nós gostaríamos de ter alguém de direito a explicar, exactamente, o que está a acontecer”, reclamou Nazário Muanambane, presidente da Associação Moçambicana dos Polícias.
Nunca foi explicado com exactidão o que está a acontecer, mas já houve alguma informação não clara.
“É verdade que temos vindo a assistir que já estão a pagar, gradualmente, os salários, mas está a chegar além do desejo. Nós queremos isto de hoje receberem duas pessoas e noutro dia as demais. Porque não pagam todos de uma só vez, a todos os membros da polícia como vinha acontecendo?”, questionou, retoricamente, Nazário Muanambane.
O presidente da Associação Moçambicana dos Polícias até tem a noção do mínimo do que está a acontecer: “O que nós soubemos foi que devolveram os procedimentos para que seja como vinha antes e eu não sei porque até hoje os membros da Polícia continuam a receber salários de forma faseada”.
A agremiação dos Polícias queixou-se, ainda, da falta de pagamento do subsídio de reintegração para os agentes que vão à reserva.
Na conferência de imprensa desta segunda-feira, a Associação Moçambicana dos Polícias condenou a apresentação dos agentes da Polícia em comícios como malfeitores.
“Refiro-me à situação da província de Nampula e, recentemente, a província da Zambézia. Nós condenamos estes actos que estão a ser praticados pelos partidos políticos. Se algum problema está a acontecer no seio da Polícia, é preciso que os partidos políticos se aproximem à Polícia da República de Moçambique. Não manchar imagem de um cidadão, estando em sua casa a assistir à televisão e ver o seu pai ou irmão a ser apresentado, publicamente, como assassino, como um indivíduo que está a criar terror enquanto ele foi destacado para garantir a ordem, segurança e tranquilidade pública”, lamentou o presidente da Associação Moçambicana de Polícias.
Se tais actos continuarem, avisa a agremiação de Polícias, poderá haver receio de destacar agentes para uma missão solicitada por partidos políticos.
“E pedimos, mais uma vez, que não se repita sob pena de, amanhã (futuramente), voltar a chamar os mesmos membros da Polícia por desobediência porque esses não estão a acatar as ordens dos seus superiores hierárquicos, porque os polícias não protegem os partidos políticos porque os agentes vão começar a ter receio de aceitar cumprir qualquer tipo de missão quando se apercebem de que esta missão é do partido político para o qual tem, sistematicamente, a manchar a sua imagem”, avisou Nazário Muanambane.
A Associação Moçambicana de Polícias não confirma nem desmente tais acusações; apela, simplesmente, para que as mesmas sejam denunciadas junto de instituições competentes e não manchar os agentes.