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“Afrobasket” 2023: façam (lá) acontecer com a Costa do Marfim!

Foto: FIBA-África

A selecção nacional de basquetebol sénior feminino joga, amanhã, às 18h00, na BK Arena, o acesso aos quartos-de-final do “Afrobasket” 2023. Caso vença, Moçambique bate-se na quarta-feira com a Nigéria, campeã em título, nos quartos-de-final da competição.

Agora é que são mesmo…elas. É a doer, não há espaço para falhas. De resto, uma má abordagem e falta de concentração no jogo pode custar o afastamento precoce do “Afrobasket” 2023. E, como trabalho de casa, é preciso ater-se às duas derrotas sofridas pelo poderoso e selecção mais titulada Senegal (85-83 diante do Uganda, e 72-49) para perceber que o historial e nomes não ganham jogos.

Pelo que, esta terça-feira, na BK Arena, o seleccionador nacional de basquetebol sénior feminino, Carlos Ibraimo Aik, deve apresentar um conjunto hirto frente à Costa do Marfim.

Um conjunto, recomenda-se, concentrado e ajustado defensivamente. Moçambique, por outro lado, precisa entrar para o jogo com maior clarividência ofensiva, explorando, claramente, o seu forte jogo interior personificado em Leia “Tanucha” Dongue, Tamara Seda e Odélia “Mafa” Mafanela.

Nos tiros exteriores, capítulo em que os “targets” foram baixos na estreia frente aos Camarões (com 1 convertido em 7 tentados, uma média de 14% de aproveitamento), as lançadoras precisam apresentar-se com eficácia.

É preciso colocar a bola na zona restrita e, quando a defesa ajustar, tirar a bola para as extremos lançarem do perímetro dos 6, 75 metros.

Mais: há que ter consistência, procurando, desta forma, evitar perdas de bola, tal como aconteceu na primeira partida com registo de 17 “turnovers”.

Reza a história, fora aos dados estatísticos, que Moçambique leva vantagem no historial de confrontos com os Camarões nos “Afrobaskets”. Em 2013, as selecções nacionais de basquetebol de Moçambique e Costa do Marfim estiveram inseridas no mesmo grupo do Campeonato Africano da categoria sénior, em Maputo, tendo a vitória sorrido para as designadas “Samurais”, na altura, por 56-41. Leia “Tanucha” Dongue liderou a selecção nacional com 16 pontos, tendo sido secundada por Deolinda Ngulela com 10.

Dois anos antes, curiosamente, moçambicanas e costa marfinenses cruzaram-se na fase de grupos (estavam ambas inseridas no grupo “A”) da prova havida em Bamako, Mali. Num jogo emotivo, decido no prolongamento, a selecção nacional de basquetebol venceu por 69-65.

Com um duplo-duplo (13 pontos e 12 ressaltos), Leia “Tanucha” Dongue esteve igualmente em evidência. Outrossim, no “Afrobasket” 2007, no Senegal, o sorteio da competição colocou Moçambique e Costa do Marfim no mesmo grupo (A) do qual faziam ainda parte a Tunísia, Madagáscar, Mali e o anfitrião. Foi precisamente a 22 de Setembro de 2007, no “Marius Ndiyaye Stadium”, que Moçambique derrotou a Costa do Marfim (67-47) num jogo em que a atiradora Carla da Silva foi a melhor cestinha com 21 pontos.

No “Afrobasket” 2000, em Tunis, Moçambique venceu a Costa do Marfim (58-52) na 3ª jornada do grupo “B” da competição.

Na fase de grupos, a Costa do Marfim derrotou Angola (72-69) e perdeu com o Ruanda (64-35), terminando, assim, na 3.ª posição no grupo “A” com 4 pontos.

As marfinenses fecharam a sua participação no “Afrobasket” 2021, prova realizada em Yaoundé, nos Camarões, na 5.ª posição após vitória sobre Angola (62-57) nas classificativas. Moçambique, por sua vez, ocupou a 4ª posição em resultado da vitória frente ao Egipto, por 69-62.

Carlos Aik: “ Precisamos estar ao mais alto nível”

O seleccionador nacional de basquetebol sénior feminino, Carlos Ibraimo Aik, já tem a receita para transitar para os quartos-de-final do “Afrobasket” 2023. Sem entrar em euforia, mesmo com um adversário ao nível do combinado nacional, Aik diz ser necessário respeitá-lo e apresentar-se ao mais alto nível no “play-off” de acesso aos quartos-de-final. “É importante que a nossa selecção esteja ao seu mais alto nível, o que ainda não aconteceu até agora. Ainda não conseguimos fazer um jogo dentro daquilo que é a nossa capacidade. Isso terá que começar a acontecer agora”, notou Carlos Aik.

A Costa do Marfim leva, claramente, desvantagem no historial de confrontos com Moçambique nos “Afrobaskets”, mas há que olhar para os resultados alcançados nesta competição por equipas teoricamente fracas para colocar os pés bem assentes no chão. “Esperamos um adversário difícil. Esperamos um adversário que quer, certamente, rectificar os erros que cometeu ao longo da fase de grupos. Mas todo o cuidado é pouco do nosso lado porque, se olharmos para aquilo que tem acontecido, e o que tem sido historial nesta competição, tem havido aqui muitas surpresas. Ninguém esperava que o Ruanda ganhasse a Costa do Marfim, ninguém esperava que Angola tivesse que ir ao prolongamento para ganhar ao Ruanda. Julgo que, também, ninguém esperava que o Uganda, inexperiente nestas competições, vencesse o poderoso Senegal”.

Há, segundo Carlos Aik, “uma série de resultados que contrariam aquilo que era a expectativa dos melhores espectadores do basquetebol. Portanto, quando nós começámos a jogar com base em nomes, quando começamos a fazer prognósticos em base em nomes, por vezes a probabilidade do erro aumenta”.

Potenciar o jogo interior e exterior será uma das armas para ultrapassar a Costa do Marfim. “ Vamos ter que estar concentrados. Vamos ter que estar no nosso melhor nível. Vamos ter que alternar entre o jogo interior e exterior. Temos um leque de atletas que jogam muito bem perto do cesto, temos jogadoras que jogam bem longe do cesto. É preciso que todas estas capacidades sejam maximizadas.”

A finalizar, o seleccionador nacional deixou uma dica: “É importante que a nossa selecção esteja ao seu mais alto nível, o que ainda não aconteceu até agora. Ainda não conseguimos fazer um jogo dentro daquilo que é a nossa capacidade. Isso terá que começar a acontecer agora. A partir de agora os erros são fatais. Estamos numa fase do ‘bate-sai’.”.

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