No centro de reassentamento de deslocados em Nampula estão a ser construídas casas definitivas, depois de, numa primeira fase, as mais de 700 famílias terem sido acomodadas em tendas. A província tem cerca de 64.500 deslocados devido aos ataques terrorista em Cabo Delgado.
Correndo, sorrindo à toa e com rostos alegres, exteriorizam o sentimento que o terrorismo lhes havia arrancado. São meninos moçambicanos, cuja identidade lhes foi arrancada e passaram a ser chamados “deslocados internos”.
A vida vai ganhando mais sentido no centro de reassentamento de Corane, no distrito de Meconta, província de Nampula. Os personagens que contavam, neste centro, apenas histórias de drama, passam, hoje, a narrar novos e esperançosos capítulos das suas vidas.
“Aqui estamos a viver na boa, não é como lá onde estávamos”, resume Francisco Jonas, um dos reassentados em Corane, ao lado dos seus filhos e esposa. “Saímos do mato por causa dos malfeitores. Aqui, graças a Deus, estamos a viver bem porque não ouvimos o barulho dos tiros”.
Quando foi fundado o centro de reassentamento de Corane, as famílias eram atribuídas uma tenda para o abrigo temporário. Seguiu-se a construção das casas provisórias, em que são previstas 500 definitivas feitas de material local e com cobertura de chapas de zinco.
O Instituto Nacional de Gestão de Redução do Risco de Desastres, INGD, conta com parceiros não-governamentais para a materialização desse projecto e são os próprios reassentados que estão envolvidos na construção.
“Estamos na construção destas casas, temos 300 casas para fazer”, conta Lucas Robert, um dos reassentados.
A província de Nampula conta, oficialmente, com 64.500 deslocados internos provenientes de Cabo Delgado. Desse número, apenas 3.170 é que estão reassentados, o que significa que muitas famílias vivem em situações dramáticas.
A presidente do INGD, Luísa Meque, diz que a instituição que dirige está a fazer um trabalho no sentido de ter essas pessoas cadastradas, de modo a integrá-las em Corane. “Já estão criadas as condições para a recepção dessas pessoas. É um trabalho que temos estado a realizar”.
A reconstrução das vidas destruídas pela violência terrorista não é fácil. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados está envolvida nessa missão humanitária, como explica Danielle do Prado, oficial associado da Protecção Comunitária naquela instituição mundial. “A ACNUR tem, também, meios de subsistência e temos esses projectos nas zonas urbanas, que é justamente para garantir a inclusão das pessoas, para que elas resgatem os meios para a sua própria subsistência. São projectos das zonas urbanas onde as pessoas deslocadas estão em maior concentração”.
Oficialmente, existem 777 mil deslocados internos no país, por conta do terrorismo que se vive desde Outubro de 2017 nos distritos da parte norte de Cabo Delgado, tal como avançou Luísa Meque, que esteve de visita de trabalho à província de Nampula.